Dólares: "O mercado peita e o BC responde, e isso se repete. A volatilidade está muito alta, não dá trégua", disse o operador de um banco internacional, sob condição de anonimato (Andrew Harrer/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 25 de setembro de 2015 às 12h50.
O dólar tinha mais um dia de nervosismo nesta sexta-feira e trocava de sinal com frequência, em uma queda de braço entre o Banco Central e o mercado embalada pelas preocupações com a economia e a política doméstica e pelas várias intervenções realizadas pela autoridade monetária nesta sessão.
Às 12:26, o dólar recuava 0,42 por cento, a 3,9747 reais na venda, após atingir 4,0088 reais na máxima do dia e 3,8841 reais na mínima.
Na véspera, o dólar havia caído 3,73 por cento, a maior queda diária desde o fim de 2008. O contrato de dólar para outubro, que havia ampliado ainda mais as perdas após o fechamento do mercado à vista, operava em alta nesta sessão.
"O mercado peita e o BC responde, e isso se repete. A volatilidade está muito alta, não dá trégua", disse o operador de um banco internacional, sob condição de anonimato.
O BC realizou nesta sessão leilão de venda de até 1 bilhão de dólares e dois leilões de novos swaps cambiais, vendendo em cada um a oferta total de até 20 mil contratos, equivalentes a venda futura de dólares.
No leilão de linha, o diferencial ficou em 12,33 pontos. O BC passou a divulgar o resultado dessas operações dessa forma, em lugar de publicar a taxa de corte.
Dessas três intervenções, duas foram anunciadas após o fechamento dos negócios na sessão passada. Mas o BC também anunciou um dos leilões de swap nesta manhã, logo após o dólar atingir a máxima da sessão.
Questionado sobre a possibilidade de usar as reservas internacionais para intervir no câmbio, Tombini afirmou na véspera que "todos os instrumentos estão à disposição do BC".
A declaração desencadeou forte ajuste na taxa de câmbio, corroborado perto do fim da sessão pelo anúncio de um programa de venda e compra de títulos públicos pelo Tesouro Nacional.
O operador avaliou que a estratégia do governo é deixar claro que "se o mercado quer comprar, ele está lá para vender" e corrigir desequilíbrios no mercado.
No fim da manhã, a autoridade monetária também deu continuidade à rolagem dos swaps que vencem em outubro, vendendo a oferta total de até 9,45 mil contratos.
Com isso, já rolou ao todo o equivalente a 8,064 bilhões de dólares, ou cerca de 85 por cento do lote total, equivalente a 9,458 bilhões de dólares.
Logo após a abertura dos negócios, quando o dólar recuava quase 2 por cento, o operador da corretora Correparti Ricardo Gomes da Silva Filho já havia advertido sobre o risco de nova onda de pressão cambial, apesar da forte queda da sessão passada.
"Apesar do alívio da pressão pontual sobre os ativos domésticos, várias questões de cunho político e fiscal ainda encontram forte resistência em sua aprovação como a reforma ministerial, as apreciações de vetos presidenciais e a propostas que oneram os cofres públicos e a nova CPMF", escreveu ele em nota a clientes.
A atuação do BC se sobrepunha completamente ao cenário externo, onde a perspectiva de que os juros devem subir ainda neste ano nos Estados Unidos elevava o dólar em relação a uma cesta de divisas.
Essa perspectiva foi reforçada nesta manhã por declarações da chair do Federal Reserve, Janet Yellen, e pelos dados do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA no segundo trimestre.