Mercados

Dólar tem maior alta em quase 1 mês com cenário político

O dólar avançou 0,81%, a 3,1290 reais na venda, maior alta percentual desde a valorização de 1,02% registrada em 17 de agosto

Dólar: nesta tarde, Barroso decidiu abrir novo inquérito contra o presidente Temer (Gary Cameron/Reuters)

Dólar: nesta tarde, Barroso decidiu abrir novo inquérito contra o presidente Temer (Gary Cameron/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 12 de setembro de 2017 às 17h23.

São Paulo - O dólar registrou a maior alta em quase um mês nesta terça-feira, em um movimento de cautela com o cenário político, após o presidente Michel Temer voltar a ser alvo de inquérito e também depois que a Polícia Federal concluiu, em outra frente, que há existência de indícios de que Temer e ministros cometeram atos de corrupção.

O dólar avançou 0,81 por cento, a 3,1290 reais na venda, maior alta percentual desde a valorização de 1,02 por cento registrada em 17 de agosto.

Na máxima da sessão, registrou 3,1390 reais. O dólar futuro tinha alta de cerca de 0,80 por cento.

"Tudo o que é contra o Planalto dificulta a manutenção da base de apoio do Temer no Congresso e atrapalha um cronograma da agenda de reformas, e o investidor se protege no dólar", justificou o superintendente da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva.

Nesta tarde, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Roberto Barroso decidiu abrir novo inquérito contra o presidente Temer sob a suspeita, a partir da delação de executivos da J&F, de que ele possa estar envolvido num esquema de corrupção e lavagem de dinheiro na edição de um decreto que mudou regras portuárias, afirmou fonte com conhecimento do caso à Reuters.

Antes disso, o mercado já estava mais cauteloso após a Polícia Federal concluir, no inquérito que investiga o chamado "quadrilhão da Câmara", que houve indícios de crimes cometidos pela cúpula do PMDB, incluindo Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência).

"O mercado ficou escaldado depois da JBS e agora está mais cauteloso, esperando o conteúdo de uma nova denúncia contra Michel Temer para se posicionar melhor", avaliou mais cedo o economista-chefe da gestora Infinity, Jason Vieira.

Após a notícia sobre o inquérito, o dólar, que já vinha bem pressionado, renovou as máximas, se reaproximando dos 3,15 reais.

Na véspera, o mercado mostrou maior apetite por risco diante da percepção de aumento das chances de votação da reforma da Previdência após a prisão dos delatores da J&F, o que fortaleceu o presidente Michel Temer.

Nesta sessão, a alta do dólar no exterior ainda influenciou no movimento ante o real no mercado doméstico. O dólar subia ante uma cesta de moedas e ante divisas de países emergentes, como o peso mexicano e a lira turca.

Especulação nas mesas sobre a atuação do Banco Central também pressionaram o dólar, uma vez que o mês já se aproxima da metade e nenhum sinal foi dado pela autoridade monetária. Em outubro, vencem 9,975 bilhões de dólares em contratos de swap cambial tradicional --equivalentes à venda de dólares no mercado futuro.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralBrasilDólarGoverno Temer

Mais de Mercados

Casas Bahia reduz prejuízo e eleva margens, mas vendas seguem fracas; CEO está confiante na retomada

Tencent aumenta lucro em 47% no 3º trimestre com forte desempenho em jogos e publicidade

Ações da Americanas dobram de preço após lucro extraordinário com a reestruturação da dívida

Na casa do Mickey Mouse, streaming salva o dia e impulsiona ações da Disney