Subidas: "hoje o investidor chegou assustado e deu aquele estresse da abertura", explicou o gerente de câmbio da Treviso Corretora Reginaldo Galhardo, acrescentando que após o salto o mercado engatou correção (Divulgação/Thinkstock)
Clara Cerioni
Publicado em 29 de maio de 2018 às 13h25.
São Paulo - O dólar registrava leves oscilações ante o real nesta segunda-feira depois de ter saltado mais de 1 por cento mais cedo, num movimento de correção limitado pela cautela com os desdobramentos do nono dia de paralisação dos caminhoneiros e cenário de aversão ao risco no exterior.
Às 12:15, o dólar avançava 0,15 por cento, a 3,7343 reais na venda, depois saltar 1,64 por cento na véspera, maior variação percentual desde 7 de dezembro passado (+1,73 por cento). O dólar futuro tinha perdas de 0,15 por cento.
"O feriado nos Estados Unidos e Reino Unido na véspera enxugou a liquidez e deixou o mercado meio sem rumo. Houve certo exagero...Hoje o investidor chegou assustado e deu aquele estresse da abertura", explicou o gerente de câmbio da Treviso Corretora Reginaldo Galhardo, acrescentando que após o salto o mercado engatou correção.
No início dos negócios, a moeda chegou a avançar 1,14 por cento e bateu a máxima de 3,7712 reais, para, em seguida, pisar em terreno negativo, na mínima de 3,7243 reais.
O governo cedeu nas exigências dos caminhoneiros, o que causará forte impacto nas contas públicas e possivelmente aumento de impostos, mas isso não impediu que ainda fossem vistos pontos de paralisação em diversos locais em todo o país nesta terça-feira.
A crise expôs a fragilidade e a desarticulação do governo Michel Temer, e complicou ainda mais a já difícil situação de uma eventual candidatura governista na eleição presidencial de outubro, respingando também nas chamadas candidaturas de centro.
O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, afirmou nesta terça-feira que "em nenhum momento" o governo trabalha com aumento de impostos para compensar a queda de preços do diesel, voltando atrás em relação ao que havia dito na véspera, quando citou a medida como uma solução para compensar as perdas fiscais.
No exterior, o dólar operava com alta ante a cesta de moedas , em dia de queda do euro com a liquidação no mercado de títulos na Itália devido ao aumento das preocupações políticas que levavam os investidores a abandonar a moeda única.
O dólar também subia ante as divisas emergentes, como os pesos chileno e mexicano.
Em meio ao nervosismo recente do mercado, o Banco Central anunciou na véspera que pretende continuar a fazer leilões de novos contratos de swap no fim de maio e também em junho, quando também vai rolar os vencimentos em julho (5,962 bilhões de dólares).
"(O anúncio) acabou trazendo certa resiliência ao real, mas o fluxo de estrangeiros pode dificultar o sucesso do BC. De um modo ou de outro, o BC está garantindo mais hedge a fim de aliviar a volatilidade", justificou a corretora H.Commcor em relatório.
Nesta manhã, a autoridade já vendeu integralmente a oferta de até 15 mil novos swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, totalizando 6,5 bilhões de dólares desde a semana retrasada, quando vendia por dia até 5 mil contratos.
A autoridade também vendeu integralmente a oferta de até 4.225 swaps tradicionais para rolagem do vencimento de junho, concluindo a rolagem de 5,650 bilhões de dólares que venciam em junho.