Dólar: nos seis pregões anteriores, a moeda havia subido e acumulado valorização de 5,44 por cento (Gary Cameron/Reuters)
Reuters
Publicado em 21 de maio de 2018 às 17h05.
Última atualização em 21 de maio de 2018 às 17h13.
São Paulo- A atuação mais forte do Banco Central no mercado de câmbio e o aviso de que poderia ir além surtiu efeito e o dólar fechou a segunda-feira com queda superior a 1 por cento e abaixo do patamar de 3,70 reais, após ter subido nos seis pregões anteriores diante da cena externa de pressão.
O dólar recuou 1,35 por cento, a 3,6890 reais na venda, tendo batido 3,6808 reais na mínima do dia. O dólar futuro tinha baixa de cerca de 1,35 por cento no final do dia.
Nos seis pregões anteriores, o dólar havia subido e acumulado valorização de 5,44 por cento, chegando próximo do patamar de 3,80 reais.
"O BC, que foi bastante criticado na semana passada, mostrou as caras para tentar conter a volatilidade do dólar", trouxe a Correparti Corretora em relatório.
Na noite de sexta-feira, após o fechamento dos mercados, o BC reforçou, pela segunda semana consecutiva, a atuação no mercado de câmbio, triplicando a oferta de novos swaps cambiais e frisou que sua atuação era separada da política monetária. E acrescentou que reservava o "direito de realizar atuações discricionárias, caso seja necessário".
Na semana passada, o BC vendeu por dia apenas 5 mil novos swaps --equivalentes à venda futura de dólares. Nesta sessão, então, a autoridade monetária vendeu a oferta total de até 15 mil novos swaps, totalizando 2 bilhões de dólares em novos contratos.
O BC também vendeu integralmente 4.225 swaps tradicionais para rolagem dos contratos que vencem em junho, no total de 5,650 bilhões de dólares. Com isso, já rolou 4,383 bilhões dedólares. Se mantiver e vender esse volume até o final do mês, terá rolado integralmente os contratos que vencem no mês que vem.
"O BC deixou novas ofertas em suspenso, o que faz o mercado acalmar um pouco", comentou o operador de uma corretora local ao ponderar.
Desde abril até o pregão passado, a moeda norte-americana havia subido quase 45 centavos, ou pouco mais de 13 por cento frente ao real, em meio à percepção de que os juros nos Estados Unidos podem subir mais intensamente do que o inicialmente previsto.
Taxas elevadas na maior economia do mundo têm potencial de atrair recursos aplicados hoje em outros mercados, como o brasileiro, considerados de maior risco.
Apesar da atuação mais firme do BC, a trajetória de alta da moeda norte-americana não foi alterada, avaliaram especialistas ouvidos pela Reuters. Isso não só por causa da perspectiva de mais juros nos Estados Unidos, como também diante dos desafios domésticos, com eleições bastante indefinidas à frente.
O recuo do dólar no mercado doméstico nesta sessão contou com a ajuda ainda do exterior, onde a moeda norte-americana recuava ante divisas de países emergentes e rondava a estabilidade ante a cesta de moedas.
(Edição de Patrícia Duarte)