Dólar: a moeda atingiu o maior nível de fechamento desde 27 de julho de 2004 (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 6 de março de 2015 às 17h30.
São Paulo - O dólar marcou a maior alta semanal desde novembro de 2008, avançando mais de 1 por cento ante o real em todos os pregões desta semana, inclusive nesta sexta-feira.
O movimento desta sessão veio após o mercado de trabalho dos Estados Unidos criar mais vagas do que o esperado em fevereiro, o que reforçou as apostas de que os juros devem começar a subir em breve na maior economia do mundo.
A moeda norte-americana subiu 1,49 por cento nesta sexta-feira, a 3,0565 reais na venda, maior nível de fechamento desde 27 de julho de 2004. Na semana, a divisa acumulou alta de 7,02 por cento, maior apreciação desde a semana encerrada em 21 de novembro de 2008, quando subiu 8,38 por cento.
A economia norte-americana abriu 295 mil postos de trabalho em fevereiro, acima da projeção de economistas consultados em pesquisa da Reuters, que previam 240 mil. O resultado deu fôlego às expectativas de que o aperto monetário nos EUA terá início em meados do ano, o que poderia atrair para o país recursos aplicados em outros mercados.
A divisa norte-americana se fortalecia ante as principais moedas globais, atingindo a máxima em 11 anos e meio contra uma cesta de divisas e o maior nível desde 2003 em relação ao euro.
"Toda a região (América Latina) está sofrendo, mas o real é especialmente vulnerável, em função dos problemas fiscais", disse o economista da 4Cast Pedro Tuesta. No Brasil, preocupações sobre o futuro do plano de ajuste das contas públicas têm elevado as cotações do dólar nas últimas semanas. Alguns investidores têm evitado ativos brasileiros, temendo que o governo não seja capaz de resgatar a credibilidade da política fiscal.
A disparada da moeda norte-americana levava muitos operadores a especular que o BC poderia elevar a oferta de swaps cambiais de forma a rolar integralmente o lote que vence em abril. Essa expectativa contribuiu para manter o dólar em baixa pela manhã.
Se mantiver até o penúltimo pregão do mês o ritmo atual de rolagem de swaps, com a oferta de 7,4 mil contratos por dia, a autoridade monetária rolará perto de 80 por cento do lote de abril, que equivale a 9,964 bilhões de dólares. Com a venda integral no leilão desta sessão, a autoridade monetária já rolou cerca de 18 por cento desse montante.
"É uma pulga atrás da orelha. O mercado começa a se perguntar se pode vir mais swap", resumiu o operador de câmbio da corretora Intercam, Glauber Romano.
Operadores também têm dúvidas sobre a continuidade do programa de intervenções diárias no câmbio, marcado para durar até pelo menos o fim deste mês. Mais cedo, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, afirmou que a recente depreciação cambial "corrige" em parte a apreciação que aconteceu nos últimos anos e não mostra descontrole cambial, reforçando que o governo não tem uma meta de câmbio.
"Está cada vez mais claro que o governo acredita que o real está excessivamente valorizado, mas o mercado continua desconfiado. Depois de tanto tempo de intervenção, é difícil acreditar que o BC vai sair do mercado", disse a operadora de um importante banco internacional.
Nesta manhã, a autoridade monetária vendeu a oferta total de até 2 mil swaps pelas rações diárias, divididos igualmente entre os vencimentos em 1º de dezembro de 2015 e 1º de fevereiro de 2016, com volume correspondente a 98,1 milhões de dólares.