Dólar: moeda americana sobe diante de nova crise China-EUA (Sergey Nazarov/Thinkstock)
Reuters
Publicado em 6 de dezembro de 2018 às 12h24.
São Paulo - O dólar subia e já superava o nível de 3,90 reais nesta quinta-feira, em dia de aversão global ao risco após a prisão de uma executiva da gigante chinesa Huawei, intensificando os temores de guerra comercial entre Estados Unidos e China poucos dias depois de um encontro histórico entre os presidentes dos dois países.
Às 12:01, o dólar avançava 1,49 por cento, a 3,9257 reais na venda, após bater a máxima de 3,9291 reais com fluxo pontual de saída. O dólar futuro tinha avanço de cerca de 1,5 por cento.
"É negativo para a China...e se é negativo para a China é também para os países emergentes. É dólar mais forte...sugere menos exportações do Brasil", avaliou a estrategista de câmbio do Banco Ourinvest, Fernanda Consorte.
Meng Wanzhou, vice-presidente financeira da Huawei e filha do fundador da empresa, Ren Zhengfei, foi presa em Vancouver e enfrenta uma possível extradição para os EUA por supostas violações de sanções dos EUA.
A notícia afetou as esperanças de que fossem amenizadas as tensões comerciais entre Estados Unidos e China depois da trégua de 90 dias acertada entre as partes no último sábado.
O episódio é mais um a se somar à aversão ao risco global. Na véspera, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, já tinha dito que seria forçado a responder se os EUA saírem do Tratado de Controle de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF, na sigla em inglês), um dia depois de os norte-americanos darem um ultimato de 60 dias aos russos.
Em meio à tensão geopolítica e guerra comercial, o achatamento da curva de juros norte-americana no começo da semana também levantou preocupações sobre uma possível recessão na maior economia do planeta.
Nesta quinta-feira, o dólar passou a cair após a cesta de moedas após dados mais fracos de abertura de vagas no mercado privado norte-americano. Mas subia ante as divisas emergentes, como o peso chileno e o rublo.
Internamente, os investidores estão cautelosos com o novo governo e as indefinições sobre reforma da Previdência e a cessão onerosa.
"Acho que é cedo para sabermos como será a articulação do governo, vamos ter condição de avaliar em janeiro ou fevereiro. Mas o mercado está ansioso... é mais um ponto negativo a pressionar o câmbio", acrescentou Fernanda.
O BC vendeu nesta sessão 13,83 mil contratos de swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares. Desta forma, rolou 2,766 bilhões de dólares do total de 10,373 bilhões de dólares que vence em janeiro.
Se mantiver essa oferta diária até dia 21 e vendê-la integralmente, terá concluído a rolagem total.
"Se a situação de fato se agravar para emergentes, o BC pode reforçar a oferta de swap", comentou a especialista do Ourinvest.