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Dólar sobe com fala de Mantega mas recua no fechamento

A moeda norte-americana atingiu a máxima intraday, de R$ 2,3880 (-0,08%). No fechamento, a cotação à vista estava mais fraca, em R$ 2,3770 (-0,54%)


	Ministro da Fazenda, Guido Mantega: na prática, o mercado antecipou a reação positiva ao anúncio de Mantega
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Ministro da Fazenda, Guido Mantega: na prática, o mercado antecipou a reação positiva ao anúncio de Mantega (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 3 de janeiro de 2014 às 16h36.

São Paulo - A desconfiança dos agentes financeiros sobre as contas públicas do governo brasileiro em 2014 aliada a sinais de dirigentes do Federal Reserve de que a instituição poderá ter que elevar os juros mais rápido que o esperado deram impulso ao dólar durante a tarde desta sexta-feira, 03, no Brasil e no exterior.

A moeda norte-americana atingiu a máxima intraday, de R$ 2,3880 (-0,08%). No fechamento, porém, a cotação à vista estava mais fraca, em R$ 2,3770 (-0,54%).

Já na BM&FBovespa, o contrato futuro de dólar para fevereiro de 2014 chegou a subir ligeiramente à tarde a R$ 2,4060 (+0,02%) mas, depois, voltou para o campo negativo.

Às 16h55, a queda registrada por esse vencimento estava em 0,56%, a R$ 2,3920, valor bem distante da mínima de R$ 2,3855 (-0,83%) apontada no fim da manhã, antes da entrevista do ministro da Fazenda, Guido Mantega, para apresentar o resultado fiscal do governo central em dezembro e em 2013.

Na prática, o mercado antecipou a reação positiva ao anúncio de Mantega. Segundo ele, o governo central fez um superávit primário de cerca de R$ 14 bilhões em dezembro, o que resultou em cerca de R$ 75 bilhões no ano, acima da meta de R$ 73 bilhões.

Por isso, o ajuste de baixa posteriormente à confirmação das expectativas acabou sendo discreto, explicou um operador de tesouraria de um banco. Para se ter uma ideia, o dólar futuro para fevereiro de 2014 às 12h38 caía 0,67%, a R$ 2,3895, ante R$ 2,3910 (-0,60%) antes das declarações de Mantega. Já o dólar à vista ampliou ligeiramente o recuo para R$ 2,3730, de R$ 2,3750 anteriormente.

Mantega ressaltou ainda que os dados não são definitivos. "Existem ajustes que poderão ser feitos, mas até o fim do mês teremos os dados precisos", afirmou.

Normalmente, esse número é divulgado na última semana de janeiro, mas o ministro quis adiantar o anúncio para a primeira semana do ano para sinalizar comprometimento do governo com a austeridade fiscal, depois de um ano de críticas e desconfiança em relação à política fiscal.

Segundo ele, a obrigação do governo central era apresentar um bom resultado primário, "e não ficar especulando" sobre eventual rebaixamento do rating brasileiro.

O comentário foi uma resposta à pergunta sobre análises que apontam que o superávit primário realizado pelo governo central em 2013 pode não livrar o Brasil do rebaixamento da nota de classificação de risco de agências internacionais.


Mesmo assim, a estratégia de antecipar esse anúncio não convenceu totalmente os investidores. Depois das 14h30, o dólar desacelerou a queda, acompanhando ajustes nos juros futuros, que voltaram para perto dos níveis de fechamento de ontem.

Segundo um operador de tesouraria, Mantega não antecipou suas perspectivas para as contas públicas em 2014 e minimizou o impacto da oscilação do dólar sobre a inflação, realimentando a desconfiança dos investidores sobre a credibilidade dos números do governo.

Paralelamente, também houve pressão de alta derivada do exterior. Nos Estados Unidos, o dólar acelerou sua valorização em relação ao euro, reagindo a declarações do presidente do Fed da Filadélfia, Charles Plosser.

Ele afirmou que o Federal Reserve está enfrentando desafios sérios no que diz respeito a encerrar sua política monetária acomodatícia e pode ter de elevar as taxas de juros mais rapidamente que o esperado. Essa sinalização impulsionou o dólar porque o dirigente é um dos membros mais 'hawkish' - ou preocupado com a inflação - do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) e ganhou poder de voto este ano.

Em relação ainda à entrevista do ministro da Fazenda brasileiro, vale destacar que ele garantiu que não procede a informação de que o governo vai taxar com IOF a compra de moeda estrangeira, cogitada por alguns analistas do mercado na última segunda-feira.

"O IOF não será colocado em outros itens. Não é um IOF generalizado", disse. Essa especulação surgiu no mercado depois que o governo anunciou, que a partir de 28 de dezembro, aumentaria o IOF incidente sobre cartões de débito no exterior, de 0,38% para 6,38%, igualando a tributação com a dos cartões de crédito.

"Estamos colocando um tributo que tem objetivo regulatório, de evitar exageros", afirmou Mantega, acrescentando que os gastos dos brasileiros no exterior estão "muito altos", em US$ 23 bilhões no ano passado.

O ministro lembrou ainda que o governo retirou o IOF de 1,5% que incidia na cessão de ações negociadas na bolsa brasileira para lastrear a emissão de american depositary receipts (ADR).

Já em relação ao patamar do dólar ante o real, o ministro atribuiu a oscilação sentida na quinta-feira, 02, no mercado de câmbio, quando a moeda norte-americana foi negociada pontualmente acima de R$ 2,40, a um movimento internacional.

Ele evitou relacionar esse movimento do mercado ao temor de alguns agentes de que a redução dos leilões de swap cambial pelo Banco Central pode não atender à demanda por hedge cambial no primeiro semestre do ano.

"Não sei avaliar a política do BC", disse ele. "Todas as moedas se desvalorizaram (ontem). Hoje já há um movimento um pouco diferente. Me parece que estamos inseridos neste mesmo grupo", disse.

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