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Dólar supera R$ 5,70 e fecha em novo recorde antes de decisão da Selic

Mercado projeta novo corte, que deve fazer com que a taxa básica de juros renove a mínima histórica

Câmbio: dólar sobe 2% e encerra cotado a 5,7035 reais (Pixabay/Reprodução)

Câmbio: dólar sobe 2% e encerra cotado a 5,7035 reais (Pixabay/Reprodução)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 6 de maio de 2020 às 17h10.

Última atualização em 6 de maio de 2020 às 19h36.

O dólar bateu um novo recorde de fechamento contra o real, nesta quarta-feira, 6, antes da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que deve voltar a cortar a taxa básica de juros Selic e, por consequência, renovar a mínima histórica. Nesta sessão, o dólar comercial subiu 2% e encerrou cotado a 5,7035 reais. O dólar turismo subiu 0,3%, a 5,93 reais.

Os juros menores, embora, possam ajudar a acelerar a atividade econômica, também reduzem a rentabilidade de títulos públicos, tornando-os menos atrativos para investidores estrangeiros. “A queda da Selic prejudica muito o câmbio, por causa do carry trade”, disse Jerson Zanlorenzi, responsável pela mesa de renda variável e derivativos do BTG Pactual digital. O carry trade é uma prática de mercado que consiste em tomar dinheiro em locais com juros menores para aplicar em países com taxas que façam compensar a operação.

Segundo Zanlorenzi, a expectativa de nova queda de juros acompanha a piora do cenário econômico brasileiro. "Ontem, a divulgação do resultado industrial [de março, que caiu 9,1%,] mostrou um colapso da atividade econômica local devido ao coronavírus", disse. 

Para Fabrizio Velloni, chefe da mesa de câmbio da Frente Corretora, a redução dos juros pode não ser acertada. "[Se cortarem,] vai ser tiro no pé total. A situação macroeconômica de hoje não nos permite cortar mais os juros. Isso acaba pressionando o câmbio, que já está muito fora da realidade”, afirmou. De acordo com ele, a queda dos juros não deve chegar na ponta final. "Não vai adiantar. Só vai servir como financiamento para o Estado[, barateando a emissão de dívida]. 

No cenário interno, também pesou o rebaixamento da perspectiva de nota de crédito pela agência de classificação de risco Fitch de estável para negativa. “Isso atrapalha o dólar. A pressão política gera mais um fator de desconfiança é precificadoa”, comentou Valloni.

No ambiente externo, o dia também foi negativo, com os investidores repercutindo os dados sobre desemprego divulgados pelo instituto ADP, que apontaram para o fechamento de 20,236 milhões de empregos privados, em abril, nos Estados Unidos. A projeção do mercado era de que o número ficaria em 20 milhões

Com a piora do humor nos mercados globais, a moeda americana se valorizou frente à maioria das moedas do mundo. Entre as principais divisas emergentes, como o peso mexicano, o rublo russo, a lira turca, o rand sul-africano e a rúpia indiana, todas perderam valor em relação ao dólar. Moedas fortes, como o euro e a libra esterlina, também se desvalorizam.

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