Dólar: "Se não houver uma definição sobre o tema ainda este ano, com sua aprovação, o Brasil tende a ter sua nota de crédito rebaixada" (Antonistock/Thinkstock)
Reuters
Publicado em 7 de dezembro de 2017 às 17h23.
Última atualização em 7 de dezembro de 2017 às 17h53.
São Paulo - O dólar saltou nesta quinta-feira, voltando a se aproximar do patamar de 3,30 reais, diante da avaliação de que o governo do presidente Michel Temer tem poucas chances de aprovar a reforma da Previdência em breve devido à dificuldade de conquistar apoio político.
O dólar avançou 1,73 por cento, a 3,2865 reais na venda, maior ganho desde 18 de maio passado (+8,15 por cento), quando o mercado reagiu à delação de executivos do grupo JBS que atingiram em cheio Temer.
Na máxima da sessão, a moeda norte-americana foi a 3,3194 reais, e o movimento de agora foi mais do que suficiente para anular a queda acumulada de 1,26 por cento nos quatro pregões anteriores.
O dólar futuro subia cerca de 1,60 por cento no final da tarde.
"A situação volta a complicar. Vamos ter que conviver com mais uma sessão de informações desencontradas, o que agrega volatilidade aos mercados", afirmou o economista-chefe da corretora Modalmais, Alvaro Bandeira.
O nervosismo do mercado veio com os sinais mais claros de que Temer não está conseguindo apoio político para aprovar a reforma da Previdência na Câmara dos Deputados ainda neste ano. Uma liderança governista disse à Reuters nesta tarde que as chances de votar a matéria estão menores por causa de resistências de partidos aliados como o PRB, PR e PSD.
A dificuldade do governo de conseguir apoio à reforma --considerada essencial para o ajuste das contas públicas-- fez o dólar mudar de patamar já em outubro passado, quando chegou a ser negociado no nível de 3,15 reais, mas foi próximo a 3,30 reais.
Mas, nas últimas semanas, diante dos esforços do governo, os investidores começaram a enxergar maiores chances à reforma, o que levou o dólar a recuar nas quatro sessões passadas, por exemplo. Agora, o nervosismo voltou à tona.
"Se não houver uma definição sobre o tema ainda este ano, com sua aprovação, o Brasil tende a ter sua nota de crédito rebaixada por agências de classificação de risco, afetando inclusive a política monetária", afirmou em nota o operador da Advanced Corretora Alessandro Faganello.
O Banco Central vendeu o total de até 14 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, para rolagem do vencimento de janeiro. Até agora, rolou o equivalente a 3,5 bilhões de dólares do total de 9,638 bilhões de dólares que vencem no mês que vem.
No exterior, o dólar rondava a estabilidade ante uma cesta de moedas, mas subia ante divisas de países emergentes.