Dólar: no balcão, o dólar à vista terminou cotado a R$ 2,290, em alta de 1,96%, maior patamar de fechamento para a moeda desde 6 de setembro deste ano (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 5 de novembro de 2013 às 16h20.
São Paulo - As incertezas em relação ao cenário externo e à condução da economia brasileira foram determinantes para a alta do dólar nesta terça-feira, 05.
Após o ajuste de baixa visto ontem, o dólar subiu de forma consistente ante o real e chegou a se aproximar dos R$ 2,30 no início da tarde, em meio a um movimento de redução de posições vendidas (de aposta na queda da moeda) no mercado futuro.
No balcão, o dólar à vista terminou cotado a R$ 2,290, em alta de 1,96%. Este é o maior patamar de fechamento para a moeda desde 6 de setembro deste ano. Já o ganho porcentual foi o maior desde 16 de agosto.
Desde a terça-feira da semana passada, 29 de outubro, quando estava na faixa dos R$ 2,18, o dólar vem subindo de forma acelerada ante o real, tendo recuado levemente apenas ontem. Nas cinco últimas sessões, a moeda subiu 11 centavos de real - ou o equivalente a 5%.
O movimento é justificado por uma mudança de percepção: além de o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) ter mantido a possibilidade de iniciar em dezembro a redução de seu programa de compra de bônus, os dados divulgados no Brasil nos últimos dias elevaram as preocupações com a área fiscal e com a própria condução da política econômica.
Hoje, o dólar oscilou no território positivo durante toda a sessão. Na cotação mínima do dia, vista na abertura, a moeda atingiu R$ 2,250 no balcão (+0,18%) e, na máxima, às 13h05, marcou R$ 2,2940 (+2,14%).
Pela manhã, o dólar negociado no Brasil já era influenciado pela alta da moeda americana vista no exterior, onde a aversão a ativos de maior risco era ditada por especulações sobre um possível aperto monetário na China, um novo afrouxamento monetário na zona do euro e as incertezas sobre o programa de compra de bônus do Fed. A pressão de alta era reforçada pelas preocupações dos investidores com o déficit fiscal brasileiro, apesar do esforço coordenado do governo para diminuir os receios.
O secretário do Tesouro, Arno Augustin, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffman, falaram à imprensa sobre a questão fiscal, mas ainda assim os investidores seguem colocando no preço dos ativos a expectativa com o rebaixamento da nota de classificação de risco do Brasil pelas agências internacionais. Na prática, com uma nota menor, o País deve atrair menos dólares.
Mais cedo, profissionais citaram ainda uma remessa de dólares para o exterior feita por um banco, o que intensificou o avanço do dólar ante o real.
Ao mesmo tempo, a alta firme da moeda passou a acionar ordens de stop, provocando compras no mercado futuro. "Os bancos estão bem vendidos no mercado futuro e passaram a reduzir posições para se preparar para o fim do ano", comentou um profissional de uma corretora.
"Faz sentido (essa redução de posições). Novembro e dezembro são meses de saída de moeda e, por isso, a tendência é de alta para o dólar", acrescentou Luiz Carlos Baldan, diretor da corretora Fourtrade.