Dólar: o dólar avançou 0,69%, a 3,1606 reais na venda (Marcos Santos/USP Imagens)
Reuters
Publicado em 21 de outubro de 2016 às 17h25.
São Paulo - O dólar fechou em alta frente ao real nesta sexta-feira, interrompendo três sessões seguidas de queda, em sintonia com o desempenho da moeda norte-americana no exterior e devolvendo parte do forte recuo visto recentemente, em movimento de ajuste.
O dólar avançou 0,69 por cento, a 3,1606 reais na venda. Nesta semana, caiu 1,37 por cento, terceira semana consecutiva de perdas, período que acumulou desvalorização de 2,80 por cento.
Na mínima do dia, o dólar chegou a 3,1430 reais e a 3,1695 reais na máxima. O dólar futuro subia cerca de 0,6 por cento no final da tarde.
"Depois de alguns dias descolado do exterior, o fluxo hoje esteve mais equilibrado e fez com que a moeda (norte-americana) se ajustasse", comentou um operador de uma corretora doméstica.
No exterior, o dólar subia frente a diversas moedas, inclusive de países emergentes, como o rand sul-africano.
A pressão veio após o Banco Central Europeu (BCE) informar, na quinta-feira, que não houve discussão sobre acabar ou estender seu programa de ativos.
Nesta sexta-feira, o membro do Conselho do BCE Ewald Nowotny declarou que as autoridades do banco devem decidir na reunião de dezembro como proceder com sua política de afrouxamento quantitativo (QE, na sigla em inglês).
A alta do dólar frente ao real também veio de movimentos de correção, após as recentes quedas.
Neste mês, até a véspera, a desvalorização chegou a 3,47 por cento, em parte pela expectativa de ingresso de fluxo com a regularização de recursos de brasileiros no exterior.
Na quarta-feira, a Receita informou já ter recebido cerca de 18,6 bilhões de reais em impostos e multas, com cerca de 9,2 mil declarações. Segundo o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o total de arrecadação com o programa de regularização deve chegar a 80 bilhões de reais.
A correção da moeda norte-americana ainda foi favorecida pela proximidade do final de semana, com muitos investidores preferindo passar o período comprados.
"O cenário político mais tenso contribuiu para esse posicionamento, com a questão Cunha no radar", disse o gerente de câmbio da corretora Fair, Mário Battistel.
O ex-deputado Eduardo Cunha foi preso nesta semana no âmbito da Lava Jato e pode vir a fazer delação premiada.
Mesmo tendo fechado abaixo de 3,15 reais na quinta-feira, o Banco Central manteve a oferta de swap cambial reverso, equivalente à compra futura de moeda, de 5 mil contratos, integralmente vendida nesta manhã.
Mas no mercado cresceram as avaliações de que o BC pode elevar o oferta para reduzir o estoque --hoje de cerca de 30 bilhões de dólares-- de swaps tradicionais, que equivalem à venda futura de dólares, e também impedir uma queda ainda maior do dólar.