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Dólar salta para R$4 com preocupações eleitorais

O dólar avançou 2,01%, sendo este o maior nível registrado desde fevereiro de 2016

Dólar: Esta é a quinta alta consecutiva da moeda americana (Bluberries/Thinkstock)

Dólar: Esta é a quinta alta consecutiva da moeda americana (Bluberries/Thinkstock)

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Reuters

Publicado em 21 de agosto de 2018 às 17h09.

Última atualização em 21 de agosto de 2018 às 17h45.

São Paulo - O dólar saltou 2 por cento nesta terça-feira e fechou no patamar de 4 reais pela primeira vez desde fevereiro de 2016, com os investidores começando a colocar nos preços a possibilidade de o candidato à Presidência preferido do mercado, Geraldo Alckmin (PSDB), não ir para o segundo turno, já que continua sem ganhar tração na disputa.

O dólar avançou 2,01 por cento, a 4,0372 reais na venda, maior nível desde os 4,049 reais de 18 de fevereiro de 2016. Foi a quinta alta consecutiva do dólar, período no qual avançou 4,40 por cento.

Na máxima do dia, atingiu 4,0382 reais. O dólar futuro tinha valorização de 1,70 por cento.

"O mercado não considerava até poucos dias atrás um cenário sem Alckmin no segundo turno, mas já começou a precificá-lo. Assim, o dólar tem mesmo que ir para outro patamar", afirmou o economista da corretora Nova Futura, Pedro Paulo Silveira.

Pesquisa do Ibope divulgada na noite passada revelou que, no cenário sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o deputado Jair Bolsonaro (PSL) liderava a corrida pelo Palácio do Planalto com 20 por cento das intenções de voto.

Em seguida, vinham Marina Silva (Rede), com 12 por cento, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), com 9 por cento, Alckmin com 7 por cento, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), com 4 por cento e o senador Álvaro Dias (Podemos), com 3 por cento.

O Ibope mostrou ainda que, num cenário com a presença de Lula na disputa, ele liderava a pesquisa com 37 por cento das intenções de voto. O temor dos investidores é que o ex-presidente, que está preso desde abril, consiga transferir boa parte dos votos para Haddad, que deve substituí-lo na disputa se sua candidatura ser barrada pela lei da Ficha Limpa.

"O novo patamar do dólar nesse novo cenário é entre 4,20 e 4,50 reais", afirmou Silveira, acrescentando que o dólar demorou muito para precificar uma mudança de cenário.

À tarde, um recorte da pesquisa do Ibope referente ao Estado de São Paulo, reduto de Alckmin, que foi governador, acabou azedando ainda mais o humor dos investidores, que zeraram operações vendidas.

"Se nem em São Paulo Alckmin lidera, fica difícil a situação dele no Brasil", justificou um operador de câmbio de uma corretora estrangeira.

Segundo esse recorte, Alckmin está atrás de Bolsonaro em São Paulo tanto no cenário sem o ex-presidente Lula, quanto naquele em que o petista aparece, com respectivamente, 9 pontos e 7 pontos atrás do candidato do PSL.

Mas há avaliações no mercado que o início da campanha eleitoral na TV e no rádio, marcada para o próximo dia 31, pode mudar o cenário já que Alckmin terá o maior tempo de exposição.

No exterior, o dólar recuava ante uma cesta de moedas e também ante divisas de países emergentes após o presidente Donald Trump, em entrevista à Reuters na véspera, ter criticado a política de aumento de juros do Federal Reserve, banco central norte-americano.

O Banco Central brasileiro ofertou e vendeu integralmente 4,8 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, rolando 3,6 bilhões de dólares do total de 5,255 bilhões de dólares que vence em setembro.

Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.

Com o nível elevado do dólar, há quem veja necessidade de intervenção do BC, que repetidas vezes avisou que provém liquidez quando o mercado está disfuncional.

"Não há pressão de demanda nem por proteção cambial e nem por demanda no mercado à vista, sendo que a alta do preço decorre do emocional e psicológico, fatores imponderáveis, não alcançáveis por intervenção do BC, que se ocorrer será inócua", avaliou o economista e diretor-executivo da NGO Corretora, Sidnei Nehme, ao comentar sobre a possibilidade de o Banco Central atuar por meio de leilões extraordinários de swap.

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