Dólar: "O mercado entendeu que acabaram os recursos para fazer algum deputado mudar de voto" (Gary Cameron/Reuters)
Reuters
Publicado em 29 de novembro de 2017 às 17h21.
São Paulo - O dólar fechou com alta de 1 por cento nesta quarta-feira, encostando no patamar de 3,25 reais, com o mercado reduzindo o otimismo sobre a expectativa de que o governo do presidente Michel Temer consiga aprovar a reforma da Previdência em breve.
O dólar avançou 0,98 por cento, a 3,2401 reais na venda, depois de bater 3,2480 reais na máxima do dia e 3,2009 reais na mínima. O dólar futuro subia cerca de 0,75 por cento no final da tarde.
O ponto de virada ocorreu após o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, dizer que o governo não via mais possibilidade de fazer novas concessões no atual texto da reforma da Previdência, porque muitas já haviam sido feitas antes.
Mesmo assim, acrescentou que espera que a matéria seja votada na Câmara dos Deputados na próxima semana.
"O mercado entendeu que acabaram os recursos para fazer algum deputado mudar de voto", afirmou o operador de uma corretora nacional.
O ministro disse ainda que o PSDB deixou a base aliada do governo. Era justamente a percepção de que a legenda ajudaria o presidente Michel Temer a tirar a reforma do papel que sustentou o bom humor dos mercados na véspera e nos últimos dias.
Dos oito últimos pregões até a véspera, a moeda norte-americana recuou em sete deles, acumulando perdas de 3 por cento.
Pela manhã, o mercado chegou a manter o viés mais positivo, com maiores apostas de que a Previdência --considerada essencial para colocar as contas públicas em ordem-- seria aprovada em breve, apesar de o governo não ter os votos suficientes dos parlamentares.
O bom humor dos investidores permaneceu mesmo com os sinais de dificuldade com que o governo tem se deparado para garantir apoio político e votar a reforma o mais rápido possível.
Na véspera, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que é importante que a reforma da Previdência seja aprovada até o fim do mandato de Temer, reconhecendo maior dificuldade de passar o texto na Câmara dos Deputados ainda este ano, como espera o governo.
"Ainda é cedo para dizer que se reverteu a tendência de queda do dólar", afirmou o gerente de câmbio da corretora Fair, Mario Battistel, argumentando que o governo tem feito esforços para tentar aprovar a reforma. "O mercado acostumou a trabalhar entre 3,20 e 3,30 reais", acrescentou.
O mercado também já se preparava para a volta do Banco Central ao mercado de câmbio para rolar os swaps cambiais, contratos que se assemelham à venda futura de dólares, que vencem em janeiro, no valor equivalente a 9,638 bilhões de dólares. Em novembro e em dezembro, não houve vencimentos e, por isso, o BC ficou de fora do mercado.
Hoje, segundo dados da autoridade monetária, o estoque total dos swaps estava em 23,794 bilhões de dólares.