Invest

Dólar: reforma tributária impulsiona moeda após quatro dias de queda

Moeda americana passa a subir ante real após proposta sobre dividendos, mas ainda caminha para perda semanal

No ano, dólar já recua cerca de 5% em relação ao real | Foto: Igor Golovniov/GettyImages (Igor Golovniov/Getty Images)

No ano, dólar já recua cerca de 5% em relação ao real | Foto: Igor Golovniov/GettyImages (Igor Golovniov/Getty Images)

R

Reuters

Publicado em 25 de junho de 2021 às 15h18.

Última atualização em 25 de junho de 2021 às 16h20.

O dólar sobe contra o real nesta sexta-feira, 26, após a notícia de que o governo quer introduzir uma tributação sobre dividendos pagos aos investidores. Às 15h05, a moeda americana avançava 0,94% contra o real, negociado a 4,951 reais na venda. 

Na manhã desta sexta, o governo encaminhou à Câmara dos Deputados sua proposta de reforma do Imposto de Renda (IR), prevendo redução da alíquota sobre empresas, aumento do limite de isenção para pessoas físicas e introduzindo tributação sobre dividendos pagos aos investidores, com alíquota de 20%.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu a taxação dos dividendos aos mais ricos, considerando "inadmissível" que bilionários paguem zero nessa rubrica, enquanto os assalariados sentem o maior peso dos impostos.

Thomás Gibertoni, analista da Portofino Multi Family Office, afirmou que "o mercado de capital fica menos atrativo quando você acaba com a tributação privilegiada, quando se trata de grandes investidores".

Ele disse que a mudança nos dividendos "pode levar a uma saída de capitais do mercado" doméstico, mas ressaltou que enxerga a alta do dólar nesta sexta-feira apenas como um "susto inicial" em reação à notícia: "O mercado deve se adequar às mudanças mais à frente."

Enquanto isso, Vanei Nagem, responsável pela Mesa de Câmbio da Terra Investimentos, disse que a alta do dólar é também um movimento de realização após a desvalorização recente da moeda norte-americana, que completou quatro quedas diárias consecutivas na quinta-feira.

Invista com o maior banco de investimentos da América Latina. Abra sua conta no BTG Pactual digital

Real mais forte à frente?

A moeda norte-americana chegou a ir abaixo da marca psicológica de 4,90 reais mais cedo, nos primeiros minutos de negociação, tocando 4,8936 na mínima, e caminhava para forte perda semanal, depois de fechar a última sexta-feira em 5,0713. Até agora em 2021, o dólar já recua cerca de 5% em relação ao real.

Para Mauro Morelli, estrategista da Davos Investimentos, "esse movimento de valorização do real permanecerá, uma vez que o juro brasileiro está caminhando para ficar mais alinhado com as condições domésticas".

Ele explicou que uma taxa Selic mais alta tende a atrair capital para o mercado de renda fixa brasileiro, o que, por sua vez, é benéfico para o real.

Na semana passada, o Banco Central do Brasil promoveu a terceira alta consecutiva de 0,75 ponto percentual da taxa Selic, a 4,25%, e a ata de seu encontro mostrou que o Comitê de Política Monetária (Copom) avaliou a possibilidade de acelerar a alta dos juros, indicando também um possível aperto maior em seu encontro de agosto.

"Acho que o dólar ainda tem espaço para desvalorização, mas muito vai depender do crescimento econômico local e do alívio da pandemia, já que as coisas ainda não estão sob controle", comentou, ressaltando também que "temos um ruído político alto".

Entre os fatores políticos que têm chamado a atenção do mercado, Morelli mencionou a CPI da Covid-19, a saída de ministros do governo de Jair Bolsonaro e a aproximação das eleições presidenciais de 2022.

Na quinta-feira, a moeda norte-americana fechou em queda de 1,16%, a 4,9062 reais na venda, mínima desde 9 de junho de 2020 (4,8885 reais).

Acompanhe tudo sobre:DólarPaulo GuedesRealReforma tributária

Mais de Invest

Como negociar no After Market da B3

Casas Bahia reduz prejuízo e eleva margens, mas vendas seguem fracas; CEO está confiante na retomada

Tencent aumenta lucro em 47% no 3º trimestre com forte desempenho em jogos e publicidade

Ações da Americanas dobram de preço após lucro extraordinário com a reestruturação da dívida