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Dólar sobe após anúncio de Renda Brasil e bate maior cotação em 4 meses

Temores sobre o risco fiscal do país voltam à tona, após governo apresentar novo programa assistencial

Dólar sobe 1,4% e fecha cotado a 5,633 reais (halduns/Getty Images)

Dólar sobe 1,4% e fecha cotado a 5,633 reais (halduns/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 28 de setembro de 2020 às 09h09.

Última atualização em 28 de setembro de 2020 às 17h49.

O dólar encerrou em alta de 1,4% nesta segunda-feira, 28, e encerrou sendo vendido a 5,633 reais - a maior cotação desde 20 de maio. O movimento foi intensificado após o presidente Jair Bolsonaro anunciar o programa Renda Brasil, que substituirá o menos amplo Bolsa Família. Para financiar os gastos excedentes, o governo fará uso do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e recursos destinados a pagamentos de precatórios.

"Financiar o programa assistencial, que demanda gastos recorrentes, com recursos que seriam destinados ao pagamento de precatórios não é uma medida sustentável", disse Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.

O anúncio foi feito após o presidente e o ministro da Economia, Paulo Guedes passarem a manhã em reunião com líderes partidários para discutir a reforma tributária, que ainda não chegou a um acordo. Sobre a criação do novo imposto, Guedes não deu grandes detalhes, mas disse que haverá substituições, sem que a carga tributária aumente.

"A falta de consenso sobre a segunda fase da reforma tributária desagradou o mercado, apesar das falas na direção de manutenção do teto de gastos", afirma Álvaro Frasson, economista do BTG Pactual digital.

Em pronunciamento, o presidente Bolsonaro também se comprometeu a não furar o teto de gastos, mas a declaração foi vista com alguma incerteza pelos investidores. "Por mais que o governo afirme que vai cumprir o teto de gastos, ainda há desconfiança no mercado", afirma Bruno Musa, sócio da Aqcua Investimentos.

Embora o dólar também tenha se fortalecido contra outras moedas emergentes, o real foi uma das moedas que mais se desvalorizou, perdendo apenas para a lira turca. Mas o resultado poderia ter sido ainda mais drástico no mercado de câmbio local, se não fosse o leilão de dólar à vista feito Banco Central.

Apesar do fortalecimento do dólar perante divisas emergentes, o dia foi positivo para as principais bolsas de valores do mundo, com os investidores otimistas com a possibilidade de novo pacote de estímulo nos EUA e dados positivos da China.

No fim de semana, a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi afirmou que ainda vê a possibilidade de um pacote estímulo de 2,4 trilhões de dólares ser aprovado nesta semana, após as negociações terem se arrastado por cerca de dois meses.

A falta de estímulos econômicos tem sido um dos principais motivos que explicam a desaceleração da atividade econômica americana, que voltou a registrar aumento dos pedidos de seguro desemprego em meados de setembro.

“A expectativa de que o pacote seja aprovado diminui a aversão ao risco no mercado, o que penaliza o dólar por se uma moeda defensiva. Com mais dinheiro chegando, a recuperação econômica tende a ser mais breve”, afirma Jefferson Ruik, diretor de câmbio da Correparti.

Também no fim de semana, foi divulgado o lucro das indústrias chinesas, que cresceu 19,1% em agosto na comparação mensal, confirmando o quarto mês consecutivo de alta. No acumulado do ano, a queda ainda é de 4,1%.

No último pregão, o dólar havia fechado em alta de 0,8% contra o real, cotado a 5,554 reais.

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