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Porque o dólar voltará a cair

O real é a terceira moeda que mais valorizou no mundo neste ano, mas, para a maioria dos analistas, a alta terá vida curta – mesmo que haja um impeachment da presidente Dilma Rousseff e um eventual governo de Michel Temer comece a colocar a economia nos eixos. A expectativa é que mudanças no cenário […]

Dólar (Gary Cameron/Reuters)

Dólar (Gary Cameron/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 29 de abril de 2016 às 11h54.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h25.

O real é a terceira moeda que mais valorizou no mundo neste ano, mas, para a maioria dos analistas, a alta terá vida curta – mesmo que haja um impeachment da presidente Dilma Rousseff e um eventual governo de Michel Temer comece a colocar a economia nos eixos. A expectativa é que mudanças no cenário externo fortaleçam o dólar e provoquem a depreciação das moedas dos países emergentes. Como o real já subiu 10% neste ano, pode levar um tombo maior. A projeção média do mercado é que o dólar sairá dos atuais 3,52 reais para 3,80 reais até dezembro, uma desvalorização de 8% da moeda brasileira.

O principal fator que deverá influenciar a cotação do real nos próximos meses é a decisão do Federal Reserve, banco central americano, sobre a taxa de juros dos Estados Unidos. Em dezembro, o Fed elevou os juros pela primeira vez em quase uma década, e a previsão é que haja novos aumentos até o fim do ano. Os analistas esperam altas de até 0,5 ponto percentual. “O Fed deve agir ainda no segundo trimestre e isso vai atrair parte dos investimentos estrangeiros que poderiam vir para o Brasil”, diz Mauricio Nakahodo, economista do Banco de Tokyo.

O câmbio também deve sofrer os efeitos da esperada queda dos preços das commodities, especialmente do minério de ferro, que subiu 59% só neste ano em razão do aumento da produção de aço na China e da sinalização de autoridades do país de que pretendem estimular o crescimento econômico. Os analistas afirmam, porém, que essa melhora pode ser pontual, já que a economia chinesa continua desacelerando e há excesso de oferta de minério no mundo. Projeções compiladas pela agência Bloomberg indicam que a tonelada do minério deve recuar dos atuais 62 dólares para 44 dólares até dezembro.

Além dos fatores externos, economistas alertam que será complicadíssimo resolver a crise brasileira, mesmo com um novo governo. “O mercado está se autoenganando com esse discurso de impeachment. A capacidade de Michel Temer é limitada”, diz André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.

Reformas tão aguardadas como a da Previdência dificilmente serão aprovadas no médio prazo. Além disso, o atual vice-presidente corre o risco de ser afastado pelo Tribunal Superior Eleitoral, que analisa as contas da campanha de Dilma e Temer. “As dificuldades no campo político ainda são muitas e isso vai pesar para investidores estrangeiros que pensam em entrar no país”, diz o economista Silvio Campos Neto, da consultoria Tendências.

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