Mesmo com queda, dólar hoje segue na casa dos R$6 (Designed by/Freepik)
Publicado em 15 de janeiro de 2025 às 11h07.
Última atualização em 15 de janeiro de 2025 às 11h17.
Nesta quarta-feira, 15, o dólar comercial está cotado a R$ 6,11, consolidando-se acima do patamar de R$ 6, marca atingida em novembro de 2024. Mesmo com a queda de 0,85% em comparação ao dia anterior, a moeda segue valorizada, reflexo de uma combinação de fatores internos e externos que aumentam a pressão sobre o real.
O cenário atual é uma combinação do movimento generalizado de busca por segurança entre investidores, que preferem ativos denominados em dólar em meio à volatilidade dos mercados internacionais. Além disso, países emergentes, como o Brasil, enfrentam maior dificuldade em atrair investimentos, aumentando a pressão cambial. Entenda um pouco mais do cenário atual e os principais motivos que levaram o dólar a esse patamar.
É claro que a variação da moeda depende de diversos fatores, mas alguns motivos justificam a alta do dólar neste começo de 2025. Veja no detalhe:
O Federal Reserve (Fed) tem mantido sua postura de elevação das taxas de juros para controlar a inflação nos Estados Unidos. A taxa básica de juros, atualmente em torno de 5,5%, atrai investidores para ativos americanos, considerados seguros. Esse movimento reduz a liquidez em mercados emergentes, enfraquecendo moedas locais, como o real.
Conflitos prolongados no Leste Europeu e no Oriente Médio têm gerado incertezas econômicas globais, impulsionando o dólar como moeda de refúgio. Investidores buscam proteção em momentos de instabilidade, o que aumenta a demanda pela moeda americana e eleva seu valor frente às demais.
O ritmo mais lento do comércio internacional, causado pela desaceleração econômica na China, maior parceira comercial do Brasil, tem reduzido a entrada de dólares em mercados emergentes. A fraca demanda chinesa por commodities, como minério de ferro e soja, afeta diretamente as receitas brasileiras, pressionando o real.
Além do Brasil, outras economias emergentes, como Argentina e Turquia, enfrentam instabilidade econômica e fiscal. Isso aumenta a aversão ao risco dos investidores, que retiram capital desses países e reforçam suas posições no dólar.
Hoje o mercado acompanhou a divulgação do CPI (Índice de Preços ao Consumidor) dos Estados Unidos, que é um indicador crucial para avaliar os rumos da inflação na maior economia do mundo. Segundo o Departamento do Trabalho, a inflação ao consumidor em dezembro subiu 0,4%, no consenso. Já o núcleo do CPI avançou 0,2%, ante a previsão de +0,3%. Na base anual, o núcleo subiu 3,2%, de +3,3% projetados.
Com o núcleo abaixo do esperado, a tese de que o Fed pode cortar juros ganha força, deixando a Ibovespa mais otimista com relação ao dólar.
O dólar comercial trata-se de milhares de dólares em transação no mercado de câmbio. Isso computa exportações, importações, transferências financeiras milionárias e que normalmente são feitas por grandes empresas e bancos.
Já o dólar turismo é comprado por pessoas físicas, normalmente em casas de câmbio, em menores quantidades para viagens ou até passado no cartão de crédito.
A cotação do dólar turismo é mais cara, pois são compras muito menores do câmbio, ao contrário das transações feitas por grandes empresas e instituições. Logo, seu custo operacional com transporte de notas e taxa de corretoras ficam mais alto.