. (Gary Cameron/File Photo/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 16 de janeiro de 2019 às 19h13.
São Paulo - Com liquidez reduzida, o dólar operou toda esta quarta-feira, 16, sem firmar tendência clara, ora recuando, ora subindo. No mercado doméstico, os investidores seguem aguardando novidades sobre a reforma da Previdência, mas que só devem vir após o presidente Jair Bolsonaro voltar da Suíça, enquanto no exterior, o dia foi marcado pela expectativa sobre os rumos da saída do Reino Unido da União Europeia e por balanços corporativos nos Estados Unidos. O dólar à vista fechou o dia em alta de 0,09%, a R$ 3,7327, mesmo com o recuo da moeda americana ante outras divisas de emergentes, como o México, a Turquia e a África do Sul.
Na máxima, o dólar à vista foi a R$ 3,73, enquanto na mínima ficou em R$ 3,70. Profissionais de câmbio destacam que R$ 3,70 virou um "suporte psicológico informal" e a moeda tem tido dificuldade de se sustentar abaixo deste nível por muito tempo. A avaliação é que somente desdobramentos concretos da reforma da Previdência ou alguma notícia externa relevante podem fazer a moeda recuar abaixo desse patamar de forma consistente. Nesta quarta, fontes do governo ouvidas pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, disseram que a reforma deve incluir um limite para o acúmulo de pensão e aposentadoria.
Dados divulgados nesta quarta pelo Banco Central mostram que os estrangeiros aumentaram a aposta no Brasil nos últimos dias, mas o tom ainda segue de cautela. Somente na semana de 7 a 11 entraram US$ 1,347 bilhão pelo canal financeiro, segundo o BC. Na B3, o fluxo externo foi positivo nos últimos cinco pregões até a segunda-feira (14), mas no ano, porém, o saldo está negativo em R$ 229 milhões.
Para o diretor de um banco estrangeiro, um fluxo mais firme de recursos externos só deve começar a vir em fevereiro, quando o Congresso voltar do recesso e a reforma da Previdência começar a andar. "Claramente os sinais do novo governo são positivos, mas os estrangeiros tiveram várias decepções com o Brasil nos últimos anos e agora querem ver avanços concretos", destaca ele, ressaltando que por enquanto este ano, o mercado local tem reagido positivamente apenas com "expectativas", pois ainda pouco se sabe de concreto das reformas.
O banco canadense Scotiabank vê chance de o dólar voltar para a casa dos R$ 4,00 este ano, na medida em que Bolsonaro pode ter dificuldades em conseguir aprovar uma reforma da Previdência mais profunda. O cenário-base do banco é da aprovação de um texto "modesto". O economista da instituição, Eduardo Suárez, destaca que é positivo que Bolsonaro consiga avançar com reformas e privatizações, mas estas medidas estão aquém do que o Brasil precisa tanto para resolver a situação fiscal ruim quanto para aumentar a produtividade e, assim, acelerar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).