Dólares: investidores locais permaneceram atentos à cena política no Brasil (Juan Barreto/AFP)
Da Redação
Publicado em 27 de abril de 2016 às 17h40.
São Paulo - O dólar fechou com leve alta frente ao real nesta quarta-feira, terceiro dia seguido em que o Banco Central não anunciou intervenção no mercado cambial, após a autoridade monetária dos Estados Unidos não mexer na taxa de juros do país e sinalizar que terá cautela ao aumentá-la.
Os investidores locais permaneceram atentos à cena política no Brasil, sobretudo aos próximos passos do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff e formação do eventual governo de Michel Temer.
O dólar avançou 0,15 por cento, a 3,5243 reais na venda, após atingir 3,5570 reais na máxima do dia. O dólar futuro recuava 0,20 por cento no final da tarde.
Nos Estados Unidos, o Fed manteve a taxa de juros do país nesta tarde entre 0,25 e 0,50 por cento, mas sinalizou confiança na perspectiva econômica do país, deixando a porta aberta para uma alta em junho. A autoridade monetária disse ainda que continua monitorando de perto os indicadores de inflação e os acontecimentos financeiros e econômicos globais.
"Como a decisão (do Fed) adia qualquer possibilidade de aumento de juros, o mercado tira aquele peso das costas, porque infelizmente quando houver novos aumentos sabemos que isso vai mexer com o dinheiro no mundo inteiro", disse o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.
Pelo terceiro pregão consecutivo, o BC ficou recolhido e não anunciou ações no mercado cambial, pelo menos por enquanto.
Desde a semana passada, a autoridade monetária já vinha tirando o pé do acelerador, depois de atuar intensamente no mercado sobretudo por meio de leilões de swaps cambiais reversos, equivalentes a compra futura de dólares.
"A tendência do dólar continua sendo de queda... O mercado está gostando (do cenário político) e o BC está deixando correr", afirmou o gerente de câmbio da corretora Fair, Mario Battistel.
Os investidores permaneceram atentos aos próximos passos do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff no Senado, que poderá afastá-la do cargo. Na véspera, o vice Michel Temer afirmou em entrevista ao jornal O Globo que, se assumisse no momento o lugar de Dilma, o ex-presidente do BC Henrique Meirelles seria seu ministro da Fazenda, agradando os mercados financeiros.
A comissão especial do Senado que analisará o impeachment foi instalada na terça-feira com a eleição de Raimundo Lira (PMDB-PB) para a presidência e do tucano Antonio Anastasia (MG) para a relatoria, votação que deixou explícita a fragilidade governista no colegiado. O plenário do Senado deve votar o afastamento temporário de Dilma no dia 11 de maio e, se confirmado, Temer assume o comando do país.
Texto atualizado às 17h40