Dólar: moeda à vista no balcão passou esta segunda-feira em alta, encerrando em R$ 2,716 (Marcos Santos/USP Imagens/Fotos Públicas)
Da Redação
Publicado em 5 de janeiro de 2015 às 16h15.
São Paulo - O dólar voltou a subir ante o real nesta segunda sessão de 2015, em linha com o movimento global da moeda e com a ajuda de fatores locais.
No exterior, pesaram sobre o câmbio as preocupações com a economia da Europa, diante do risco de uma vitória da oposição da eleição na Grécia pressionar o país a sair da zona do euro, o tombo dos preços do petróleo e as especulações de que o Banco Central Europeu (BCE) está mais próximo de lançar um programa de compras de bônus.
No Brasil, o mercado repercutiu o anúncio da redução de 50% na oferta da "ração diária" de swap cambial e o imbróglio no fim de semana envolvendo declarações do novo ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, sobre o salário mínimo desautorizadas posteriormente pela presidente Dilma Rousseff.
O dólar à vista no balcão passou esta segunda-feira, 5, em alta, encerrando em R$ 2,716 (+0,89%).
Na máxima, chegou a R$ 2,7300 (+1,41%), perto das 15h30, e na mínima, atingida no meio da manhã, ficou em R$ 2,703 (+0,41%).
O giro à vista era de US$ 1,442 bilhão, sendo US$ 1,384 bilhão em D+2, por volta das 16h30. No mercado futuro, o dólar para fevereiro subia 0,64%, a R$ 2,735.
No mercado à vista, as máximas foram vistas no período da tarde, mas na reta final dos negócios houve um alívio após as declarações do novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, na cerimônia de transmissão de cargo.
Ele não anunciou medidas, mas divulgou nomes de secretários da pasta que agradaram aos investidores.
O mais esperado era o do secretário do Tesouro, que será Marcelo Barbosa.
Para a Receita Federal, o comando será de Jorge Rachid, que já ocupou o posto anteriormente e é visto como alguém de postura firme na arrecadação.
Contudo, pela manhã, a desconfiança de que o governo poderá não ter a autonomia necessária para tomar as medidas para ajustar a economia ajudou a pautar as operações.
Na sexta-feira, após receber seu cargo, o ministro Nelson Barbosa afirmou que o governo iria propor uma nova regra do salário mínimo para 2016-2019 ao Congresso nos próximos meses.
No dia seguinte, sábado, Dilma, que descansava na Bahia, telefonou a Barbosa, determinando que ele corrigisse sua fala.
Em nota, o ministro esclareceu "que a proposta de valorização do salário mínimo a partir de 2016 seguirá a regra de reajuste atualmente vigente".
Nesse ambiente mais nervoso, o Banco Central deu sequência aos seus leilões de swap cambial, que a partir de agora terão oferta 50% menor na "ração diária", de US$ 100 milhões por dia neste primeiro trimestre, ante US$ 200 milhões no segundo semestre de 2014.
O BC vendeu os 2 mil contratos ofertados, com total de US$ 98,2 milhões.
Na rolagem dos contratos que vencem em 2 de fevereiro, vendeu 10 mil contratos ofertados, com valor de US$ 487,1 milhões.
Nesta tarde, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) divulgou que a balança comercial brasileira encerrou 2014 com um déficit de US$ 3,930 bilhões, mas o indicador não chegou a pesar sobre os negócios.
A última vez que a balança registrou saldo negativo no ano foi em 2000, com déficit de US$ 731 milhões.
É o pior resultado desde 1998, quando houve saldo negativo de US$ 6,6 bilhões. O dado ficou dentro do intervalo das expectativas, de déficit de US$ 1,7 bilhão a US$ 5,1 bilhões, com mediana de um déficit de US$ 4,150 bilhões.
No exterior, as moedas de países emergentes e o euro caíram diante do dólar, em movimento de busca pela segurança, com a possibilidade de a Grécia sair da união monetária caso o partido de esquerda Syriza vença a eleição parlamentar marcada para o fim de janeiro, levando à formação de um governo contrário às políticas de austeridade fiscal.
Ainda, os preços do petróleo desabaram com informes de que alguns dos maiores produtores, como Rússia e Iraque, aumentaram sua produção no mês passado e pressionam os preços para baixo, o que também afetou o câmbio.