Mercados

Dólar fecha a R$3,33 com derrota da reforma trabalhista no Senado

Cresceu o temor entre investidores de que a reforma da Previdência, considerada essencial para colocar as contas públicas em ordem, pode não ser aprovada

Dólar: Temer procurou minimizar a derrota sofrida e garantiu que a reforma será aprovada pelo plenário (roberthyrons/Thinkstock)

Dólar: Temer procurou minimizar a derrota sofrida e garantiu que a reforma será aprovada pelo plenário (roberthyrons/Thinkstock)

R

Reuters

Publicado em 20 de junho de 2017 às 17h15.

Última atualização em 20 de junho de 2017 às 17h57.

São Paulo - O dólar saltou quase 1,5 por cento e foi a 3,33 reais nesta terça-feira após a Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado rejeitar o texto principal da reforma trabalhista, sinalizando que o governo do presidente Michel Temer está com menos força política dentro do Congresso Nacional.

Com isso, cresceu o temor entre investidores de que a reforma da Previdência, considerada essencial para colocar as contas públicas do país em ordem, pode não ser aprovada.

O dólar avançou 1,40 por cento, a 3,3308 reais na venda, maior patamar de fechamento desde 18 de maio, quando saltou mais de 8 por cento e foi a 3,3890 reais, dia seguinte à divulgação das delações dos executivos do grupo J&F e que afetaram Temer.

Na máxima deste pregão, a moeda norte-americana atingiu 3,3426 reais. O dólar futuro DOLc1 tinha alta de cerca de 1,50 por cento no final da tarde.

"O sinal é muito ruim... de perda de força de Temer", afirmou o economista da gestora Infinity, Jason Vieira, em comentário.

A CAS rejeitou o parecer da reforma trabalhista, imprimindo ao governo importante e surpreendente derrota. Por 10 votos a 9, os senadores não aprovaram a proposta, que vinha sendo utilizada pelo governo para demonstrar que ainda tem força no Congresso.

Longe de Brasília, em viagem oficial à Rússia, Temer procurou minimizar a derrota sofrida e garantiu que a reforma será aprovada pelo plenário do Senado.

"Não é surpresa negativa não, isso é assim mesmo, tem várias fases, varias etapas, e nas etapas você ganha uma, ganha outra, perde outra, o que importa é o plenário", disse o presidente a jornalistas em Moscou.

A crise política que acertou em cheio o governo após delações de executivos do grupo J&F soou o alarme entre os investidores sobre o rumo das reformas, em especial da Previdência. Por isso, a cautela tem sido a tônica dos mercados financeiros nas últimas semanas.

"A derrota mostra que a base de Temer tem cada vez mais flancos, está fragmentando cada vez mais", comentou o profissional da mesa de câmbio de uma corretora nacional.

Os investidores trabalharam ainda atentos aos rumos das investigações envolvendo Temer no Supremo Tribunal Federal (STF).

A Polícia Federal concluiu que há indícios de prática de corrupção passiva de Temer e de seu ex-assessor Rodrigo Rocha Loures, segundo uma fonte.

Também aguardaram o julgamento do pedido de prisão contra o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), formulado pela Procuradoria-Geral da República, também no STF.

"O apoio da bancada do PSDB é tido como frágil visto que o desembarque da sigla pode acontecer a qualquer momento", comentou pela manhã a Correparti Corretora em relatório.

O Banco Central brasileiro vendeu integralmente a oferta de até 8,2 mil swaps cambiais tradicionais --equivalente à venda futura de dólares-- para rolagem dos contratos que vencem julho. Com isso, já rolou 4,100 bilhões de dólares do total de 6,939 bilhões de dólares que vence no mês que vem.

Acompanhe tudo sobre:CâmbioDólarGoverno TemerReforma da PrevidênciaReforma trabalhistaSenado

Mais de Mercados

Casas Bahia reduz prejuízo e eleva margens, mas vendas seguem fracas; CEO está confiante na retomada

Tencent aumenta lucro em 47% no 3º trimestre com forte desempenho em jogos e publicidade

Ações da Americanas dobram de preço após lucro extraordinário com a reestruturação da dívida

Na casa do Mickey Mouse, streaming salva o dia e impulsiona ações da Disney