A moeda norte-americana ganhou 0,63 % frente ao real, a 2,0500 reais na venda. É o maior nível no fechamento desde 26 de dezembro, quando a divisa encerrou cotada a 2,0505 reais na venda (Marcos Santos/USP Imagens)
Da Redação
Publicado em 22 de maio de 2013 às 18h28.
São Paulo - O dólar fechou esta quarta-feira no maior patamar frente ao real desde o fim de dezembro após o chairman do Federal Reserve, Ben Bernanke, manter aceso o temor de que o banco central norte-americano reduza as medidas de estímulo monetário nas próximas reuniões.
A moeda norte-americana ganhou 0,63 % frente ao real, a 2,0500 reais na venda. É o maior nível no fechamento desde 26 de dezembro, quando a divisa encerrou cotada a 2,0505 reais na venda. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 3,8 bilhões de dólares.
"Todos os movimentos foram em função do presidente do Fed", afirmou o superintendente de câmbio da Advanced Corretora, Reginaldo Siaca.
O dólar começou o pregão com pouca variação, com investidores na expectativa de que Bernanke desse indicações sobre o futuro do programa de estímulo monetário do Fed.
O banco central norte-americano compra mensalmente 85 bilhões de dólares em ativos lastreados em hipotecas com o objetivo de reduzir os juros de longo prazo. Uma possível interrupção desse estímulo poderia motivar depreciação de moedas emergentes, uma vez que parte dessa liquidez flui para economias em desenvolvimento em busca de rendimentos mais altos.
O dólar inicialmente caiu frente ao real, atingindo a mínima de 2,0318 reais, quando Bernanke afirmou em depoimento perante o Congresso que o estímulo do Fed está ajudando a economia norte-americana mas que são necessários mais sinais de tração para que a autoridade monetária reduza sua intensidade.
Mais tarde, no entanto, a divisa norte-americana passou a subir ante o real após o chairman do Fed dizer que a autoridade monetária pode reduzir o ritmo de compras de ativos em uma de suas próximas reuniões se a recuperação econômica der sinais de que sustentará o fôlego.
A divulgação da ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) também contribuiu para as incertezas. O documento mostrou que, embora muitos membros do Fed queiram ver mais evidências de que a recuperação está ganhando corpo antes de reduzir as compras de bônus, há um debate ativo sobre quando isso deve acontecer.
Intervenção do BC?
Com o dólar de volta do dólar ao patamar de 2,05 reais, aumenta a expectativa de que o Banco Central intervenha para conter a alta do dólar, que pode pressionar a inflação.
Analistas afirmaram, no entanto, que o BC pode não atuar imediatamente, já que as flutuações do dólar têm acompanhado o cenário internacional e a perspectiva é de que entradas de recursos compensem a alta registrada pela moeda norte-americana nos últimos pregões.
"No mercado interno, ignorando fluxos pontuais, a tendência ainda é de baixa. Estão aumentando os juros, o que na teoria jogaria o dólar para baixo, e há perspectiva de entradas (de divisas)", disse o operador de câmbio da B&T Corretora Marcos Trabbold, referindo-se ao ciclo de aperto monetário vigente no Brasil, que pode aumentar a atratividade de ativos brasileiros.
Nesta quarta-feira, a Petrobras afirmou que deve trazer para o Brasil em até 5 dias recursos provenientes de sua emissão de bônus feita na semana passada, que totalizou 11 bilhões de dólares.
Segundo dados do BC divulgados nesta quarta-feira, a economia brasileira registrou entrada líquida de 7,36 bilhões de dólares em maio até o dia 17. Apesar disso, os bancos reverteram sua posição cambial e ficaram comprados em 3,312 bilhões de dólares em maio até o dia 20.
No calendário de indicadores domésticos, o déficit em transações correntes em 12 meses findos em abril ficou acima de 3 % do Produto Interno Bruto (PIB) pela primeira vez em mais de uma década.
A fragilidade das contas externas reflete a deterioração da balança comercial brasileira e os fluxos de saída de investimentos do país, que têm contribuído para a alta recente do dólar.