S&P 500: especialista alerta queda de até 13% no índice (Jorge Araujo/Fotos Públicas)
Bloomberg
Publicado em 26 de setembro de 2022 às 16h03.
Última atualização em 26 de setembro de 2022 às 16h15.
A recente valorização do dólar cria uma “situação insustentável” para ativos de risco, o que inclui ações, alerta o estrategista-chefe de renda variável para Estados Unidos do Morgan Stanley. No passado, esse tipo de força da moeda americana levou a uma crise financeira ou econômica, segundo Michael Wilson, que tem uma das visões mais cautelosas para o mercado em Wall Street.
“Embora seja difícil prever tais ‘eventos’, as condições estão presentes para algo assim”, escreveu Wilson, referindo-se à crise financeira global de 2008, à crise da dívida soberana de 2012 e ao estouro da bolha de ações de tecnologia em 2000. O US Dollar Index acumula alta de 19% este ano, enquanto o indicador de referência das bolsas americanas registra baixa de 23% no período.
Wilson vê o índice S&P 500 rumo a uma mínima neste ano ou no início do próximo, no nível de 3 mil a 3,4 mil pontos. Isso implicaria uma queda de 13% no ponto médio.
O dólar em alta encolhe o valor das vendas internacionais de empresas dos EUA, e o Morgan Stanley calcula que cada mudança de 1% no Dollar Index tem um efeito negativo de 0,5% nos lucros. Os ganhos do S&P 500 no quarto trimestre devem enfrentar um impacto de aproximadamente 10% por causa do dólar mais forte, além de outros problemas, como custos crescentes dos insumos, disse Wilson.
O estrategista, que previu corretamente a queda das bolsas nos EUA, disse que a reação ao alerta da FedEx no início do mês mostrou que grandes decepções com os balanços corporativos ainda não estão precificadas nas estimativas de consenso.
Estrategistas do Bank of America, que citaram dados da EPFR Global, disseram na sexta-feira que investidores têm aumentado as posições em dinheiro e evitado quase todas as outras classes de ativos diante do crescente pessimismo, já no mesmo nível da crise financeira global.
“O incrível é que essa força do dólar se manifesta mesmo quando outros grandes bancos centrais também estão apertando a política monetária em um ritmo historicamente ‘hawkish’”, escreveu Wilson, do Morgan Stanley. “Se alguma vez houve um momento para estar à procura de algo para quebrar, seria este.”
(Com a colaboração de Michael Msika e Allegra Catelli)