Mercados

Dólar dispara e volta acima de R$3,40 após brexit

A moeda norte-americana chegou a 3,45 reais na máxima da sessão, alta de 3,15 por cento e equivalente a mais de 10 centavos


	Brexit: "O mercado sangrou um pouco do referendo e teve que desfazer parte do otimismo dos últimos dias"
 (Getty Images)

Brexit: "O mercado sangrou um pouco do referendo e teve que desfazer parte do otimismo dos últimos dias" (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 24 de junho de 2016 às 10h36.

São Paulo - O dólar subia quase 1,5 por cento ante o real nesta sexta-feira após o Reino Unido votar por deixar a União Europeia, mas a pressão era limitada pela perspectiva de que bancos centrais possam tomar medidas para oferecer segurança ao mercado, tanto no exterior quanto no Brasil.

Às 10:20, o dólar avançava 1,46 por cento, a 3,3933 reais na venda. A moeda norte-americana chegou a 3,45 reais na máxima da sessão, alta de 3,15 por cento e equivalente a mais de 10 centavos.

Investidores vinham apostando que a campanha pela permanência seria vitoriosa, o que trouxe o dólar abaixo de 3,35 reais pela primeira vez em um ano na véspera. Nesta sessão, o dólar futuro avançava cerca de 1,5 por cento.

"O mercado sangrou um pouco do referendo e teve que desfazer parte do otimismo dos últimos dias. Mas o movimento é mais um ajuste do que um pânico generalizado", disse o economista da corretora Renascença Marcos Pessoa.

O referendo apresentou placar apertado de 51,89 por cento contra 48,11 por cento e forçou a renúncia do primeiro-ministro David Cameron.

Analistas temem que a decisão possa atingir investimentos na quinta maior economia do mundo, ameaçar o papel de Londres como capital financeira global e gerar meses de incertezas políticas.

Ativos considerados portos-seguros, como ouro e títulos alemães, disparavam, enquanto a libra esterlina despencou ao menor nível em 31 anos frente ao dólar. Em relação ao fechamento do real na quinta-feira, a libra caía cerca de 7 por cento.

No entanto, a pressão sobre o câmbio era limitada pela perspectiva de novos estímulos de bancos centrais estrangeiros e até mesmo a possibilidade de o Federal Reserve, banco central norte-americano, postergar o aumento de juros.

"Quando a poeira baixar, acreditamos que a decisão (do Reino Unido de deixar a UE) não deve ter efeito sustentado, especialmente fora do centro da Europa e do leste europeu", escreveram analistas do banco Societé Générale em relatório.

Em nota, o BC brasileiro destacou que está monitorando os mercados financeiros após o referendo e que, caso necessário, "adotará as medidas adequadas para manter o funcionamento normal dos mercados financeiro e cambial".

"O BC ganhou no gogó, conseguiu tranquilizar um pouco o mercado. Não vai precisar usar qualquer ferramenta, seja swap ou linha", disse o operador de um banco nacional que opera diretamente com a autoridade monetária, referindo-se aos swaps cambiais, que equivalem a compra ou venda futura de dólares.

O BC tem atuado muito pouco nos mercados cambiais nas últimas semanas, realizando apenas dois leilões de linha para rolagem desde 19 de maio. 

Texto atualizado às 10h36

Acompanhe tudo sobre:BrexitCâmbioDólarEuropaMoedasPaíses ricosReino Unido

Mais de Mercados

Insider trading? Senadores pedem investigação de Trump após pausa em tarifas

Apesar de trégua, tarifas de Trump terão 'impacto sério' na economia global, diz UBS

Amazon promete tentar manter preços baixos, mas tarifas podem aumentar custos para consumidores

Sabesp (SBSP3) estima receber R$ 1,48 bi em precatórios da Prefeitura de SP