Dólares: a divisa dos Estados Unidos também se fortalecia contra as principais moedas emergentes, como os pesos chileno e mexicano (thinkstock)
Da Redação
Publicado em 24 de agosto de 2015 às 11h52.
São Paulo - O dólar operava em alta nesta segunda-feira, chegando a bater 3,58 reais na máxima do dia, nível mais alto em mais de 12 anos, reagindo à intensa aversão ao risco nos mercados globais após as bolsas da China derreterem diante dos sinais de desaceleração da segunda maior economia do mundo.
Às 11h30, o dólar avançava 1,21 por cento, a 3,5382 reais na venda. Na máxima da sessão, subiu 2,43 por cento e foi a 3,5809 reais, nível mais alto no intradia desde 27 de fevereiro de 2003, quando foi a 3,6050 reais.
A divisa dos Estados Unidos também se fortalecia contra as principais moedas emergentes, como os pesos chileno e mexicano.
"Os agentes internacionais esperavam que o banco central chinês anunciasse novas medidas no final de semana para dar suporte ao sistema financeiro. Como nada foi feito, as principais bolsas chinesas fecharam novamente com fortes quedas hoje, arrastando as demais praças para um pregão de perdas", escreveu o operador da corretora SLW João Paulo de Gracia Correa, , em nota a clientes.
As bolsas de Xangai e Shenzhen desabaram mais de 8 por cento nesta sessão, reforçando o quadro de preocupações com a China, que vem afetando o apetite por ativos de risco, como aqueles denominados em reais, nos mercados globais.
No Brasil, preocupações políticas também atingiam o ânimo dos agentes financeiros, após o vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, determinar que as contas de campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff e o PT sejam investigados por suposta prática de crimes, argumentando que há "vários indicativos" de que ambos foram financiados por propina desviada da Petrobras.
Os mercados financeiros têm sido profundamente afetados pelas incertezas em torno da permanência de Dilma no cargo até o fim de seu mandato.
"Está cada vez mais difícil imaginar a luz no fim do túnel", disse o operador da corretora Intercam Glauber Romano.
Agentes financeiros também buscavam pistas sobre a intervenção do Banco Central no câmbio, uma vez que a autoridade monetária aumentou sua atuação na última vez em que a moeda dos EUA operou em patamares próximos aos atuais.
"A atuação do BC pode diminuir o ritmo da alta, mas com certeza não vai impedir que o dólar suba. É um movimento global", disse o operador de um banco internacional.
O BC dará continuidade à rolagem dos swaps cambiais que vencem em setembro, com oferta de até 11 mil contratos, equivalentes à venda futura de dólares.