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Dólar recua 2,3%, maior queda em 4 meses, por crise política

Foi maior queda diária da moeda desde 3 de novembro do ano passado, quando o recuo tinha sido de 2,4%


	Dólar: moeda fechou valendo perto de R$ 3,65, com investidores apostando na troca de governo após divulgação de conversa entre Dilma e Lula.
 (Adam Gault/Thinkstock)

Dólar: moeda fechou valendo perto de R$ 3,65, com investidores apostando na troca de governo após divulgação de conversa entre Dilma e Lula. (Adam Gault/Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 17 de março de 2016 às 17h27.

São Paulo - O dólar fechou em queda de mais de 2 por cento, a maior em pouco mais de quatro meses e que o levou ao patamar de 3,65 reais nesta quinta-feira, com investidores apostando mais forte na eventual troca de governo após a divulgação de conversa entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff.

O dólar recuou 2,29 por cento, a 3,6533 reais na venda, maior queda diária desde 3 novembro de 2015 (2,39 por cento). A moeda norte-americana chegou a 3,6033 reais na mínima do dia.

"A probabilidade de a presidente Dilma terminar o seu mandato é mínima", escreveram analistas do corretora Guide Investimentos em relatório.

A divulgação da conversa levou à interpretação de que Dilma estaria entregando o termo de posse a Lula para protegê-lo de eventual ação da operação Lava Jato, já que sua chegada à Esplanada do Ministério o tira do alcance da primeira instância em Curitiba e lhe dá foro privilegiado junto ao Supremo Tribunal Federal (STF).

No fim da manhã, liminar de um juiz federal suspendeu a nomeação, argumentando que a nomeação coloca em risco o livre exercício do Poder Judiciário e das atuações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. A Advocacia-Geral da União (AGU) informou que vai recorrer da decisão judicial.

Com isso, o dólar manteve a tendência de queda vista no fim da sessão passada, após subir com força no início da semana conforme crescia a expectativa de que Lula assumiria um ministério.

"A leitura é que Lula não vai conseguir evitar o impeachment e isso impulsiona os ativos brasileiros", disse o superintendente regional de câmbio da corretora SLW, João Paulo de Gracia Corrêa.

Para boa parte do mercado financeiro, a troca de governo poderia resultar em maiores chances de recuperação da economia e o fim da crise política.

O movimento do dólar nesta sessão também vinha em sintonia com os mercados externos, onde a moeda norte-americana recuava após o Federal Reserve projetar menos altas de juros neste ano.

A manutenção de juros baixos pelo banco central norte-americano tende a favorecer ativos emergentes, que oferecem rendimentos elevados como os do Brasil.

Citando o cenário externo mais tranquilo, o BC anunciou que reduzirá a rolagem de swaps cambiais, contratos equivalentes a venda futura de dólares. Uma fonte do BC afirmou à Reuters que a decisão veio em reação à decisão do Fed e à menor demanda por swaps com o atual patamar do câmbio.

Operadores entenderam que a decisão tem como fim reduzir o estoque de swaps, equivalente a cerca de 110 bilhões de dólares. Essas operações tendem a gerar custos ao BC quando o dólar sobe e contribuíram para elevar a dívida bruta e o déficit nominal no ano passado.

"O BC quer retomar o que começou no ano passado, quando começou a fazer rolagens parciais, e viu espaço para isso agora", disse o gestor de um banco internacional.

"Em termos de cotação, isso não muda a tendência. O destino do dólar depende do cenário político", acrescentou.

Pesquisa da Reuters com economistas e estrategistas mostrou que o dólar pode cair ao menor valor desde meados do ano passado, ou bater novos recordes, dependendo do desfecho do processo de impeachment de Dilma.

Nesta manhã, o Banco Central realizou mais um leilão de rolagem dos swaps que vencem em abril com venda integral de 9,6 mil contratos. Até o momento, o BC já rolou 6,003 bilhões de dólares, ou cerca de 60 por cento do lote total para abril, que equivale a 10,092 bilhões de dólares.

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