O governo brasileiro está sem margem para controlar a continuidade da valorização do real (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 8 de abril de 2011 às 10h27.
São Paulo - O dólar comercial abriu o dia em queda de 0,76%, negociado a R$ 1,574 no mercado interbancário de câmbio. No pregão de ontem, a moeda americana recuou 1,73% e foi cotada a R$ 1,586 no fechamento. Na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), o dólar à vista abriu em queda de 0,95%, a R$ 1,57.
A tendência de queda do dólar foi retomada com força no exterior, depois que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) sinalizou a manutenção da política de liquidez frouxa. Ao mesmo tempo, o Banco Central Europeu (BCE) deu início à alta de sua taxa básica de juros. Na manhã de hoje, o euro mostra sustentação acima de US$ 1,44 e, diante das moedas emergentes mais negociadas, a perda do dólar variava de 0,30% a 0,80%.
Isso deixa o governo brasileiro sem margem para controlar a continuidade da valorização do real, segundo avaliação dos analistas. Essa certeza e todos os demais motivos que existem no cenário brasileiro, favoráveis ao recuo da moeda norte-americana, jogavam a cotação do dólar para baixo logo na abertura.
"A situação é parecida com a de 2008, antes da crise. Todos os fatores domésticos são no sentido de valorizar o real e o mercado não vislumbra demanda por dólares", resume um especialista. Diante disso, ele defende que "o governo tem que relaxar e ir comprando, comprando, comprando...".
Na opinião do profissional, na tarefa de comprar dólares, o Banco Central (BC) deveria abandonar os leilões de swap cambial reverso. Desde que o uso do instrumento foi retomado, vários operadores têm avisado que o movimento especulativo associado ao vencimento destes contratos é grande e resulta no aprofundamento da tendência de queda do dólar. Vale registrar que os operadores de câmbio consideram que a medida de elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) no crédito ao consumo não terá impacto perceptível no câmbio.