São Paulo - O dólar fechou com leve baixa frente ao real nesta terça-feira, interrompendo seis pregões seguidos de alta e que o levou ao maior patamar em quase um ano e meio, com o melhor humor no exterior, mas os investidores continuaram cautelosos com a cena política local por conta das eleições presidenciais deste ano e incertezas sobre quem comandará o país à frente.
O dólar recuou 0,31 por cento, a 3,4114 reais na venda, depois de acumular alta de 3,69 por cento nos seis pregões passados e ir ao patamar de 3,42 reais, maior nível desde 5 de dezembro de 2016 (3,4294 reais).
Na máxima deste pregão, a moeda norte-americana foi a 3,4361 reais e, na mínima, a 3,4010 reais. O dólar futuro tinha queda de cerca de 0,26 por cento no final da tarde.
"Estamos num momento crucial", afirmou mais cedo o presidente do correspondente cambial Remessa Online, Fernando Pavani, referindo-se a eventual julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), que pode ocorrer no dia seguinte, das ações declaratórias de constitucionalidade que pedem a revisão do atual entendimento que permite execução de penas após esgotados recursos em segunda instância.
Se o entendimento for alterado, presos após condenação em segunda instância, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, podem ser soltos.
Lula, que lidera as pesquisas de intenção de voto, é considerado pelos mercados financeiros menos comprometido com o ajuste fiscal. Mesmo que eventualmente não possa concorrer nas eleições deste ano, Lula pode atuar como forte cabo eleitoral e transferir seus votos a um candidato que desagrade aos mercados, levando os investidores a tomarem posições de proteção.
Esse temores fizeram o dólar ser operado em alta durante partes deste pregão, mas acabou fechando o dia em queda diante do cenário externo mais positivo.
"A moeda (norte-americana) esticou demais hoje, quando a saída de fluxo cessa, o mercado se acomoda", afirmou o operador de câmbio de uma corretora local.
No exterior, o clima estava mais propício pela busca de risco, após o presidente da China, Xi Jinping, prometer abrir mais a economia do país e reduzir tarifas de importação sobre produtos como carros, discurso visto como uma tentativa de acalmar a disputa comercial com os Estados Unidos.
À tarde, a Casa Branca informou que ficou otimista pelas palavras do presidente chinês, mas quer ver ações concretas, dando mais um indício de que as tensões podem ser resolvidas na mesa de negociações.
O dólar caía ante uma cesta de moedas e também ante divisas de países emergentes.
O Banco Central brasileiro vendeu nesta sessão toda a oferta de até 3,4 mil swaps cambiais tradicionais --equivalentes à venda futura de dólares--, já tendo rolado 340 milhões de dólares do total de 2,565 bilhões de dólares que vence em maio.
Se mantiver esse volume diário e vendê-lo integralmente ao longo desse mês, o BC rolará o valor total.