Dólar: a notícia do afastamento havia estressado os investidores, temerosos com o andamento das medidas fiscais (Karen Bleier/AFP)
Reuters
Publicado em 6 de dezembro de 2016 às 17h16.
Última atualização em 6 de dezembro de 2016 às 18h47.
São Paulo - O dólar fechou a terça-feira em queda, aproximando-se do nível de 3,40 reais, com menor preocupação dos investidores sobre a aprovação pelo Senado da PEC dos gastos.
O dólar abriu em forte após a decisão na véspera do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, de afastar, por meio de liminar, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do cargo.
Mas a reação da Mesa do Senado e a decisão do STF de julgar a decisão sobre o afastamento de Renan no plenário da corte na quarta-feira ajudou a aliviar os maiores temores entre os investidores.
No final, o dólar fechou em queda de 0,37 por cento, a 3,4166 reais na venda, depois de bater 3,4676 reais na máxima da sessão e, na mínima, 3,3943 reais. O dólar futuro recuava cerca de 0,20 por cento no final da tarde.
"Creio que o mercado também se acalmou porque entendeu que o mandato de Viana, se houver, será curto e as coisas depois devem seguir normalmente", comentou o superintendente da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva.
A notícia do afastamento havia estressado os investidores, temerosos com o andamento das medidas fiscais.
O substituto de Renan, o senador Jorge Viana (AC), é do PT, partido contrário à proposta de Emenda à Constituição (PEC) do teto de gastos, cuja votação está prevista para o dia 13 e é considerada fundamental pelo governo.
"Foi um coquetel bastante explosivo para o mercado. O afastamento coloca em risco as votações (no Congresso), daí a alta (do dólar) vista logo cedo", comentou mais cedo o economista da corretora Nova Futura, Pedro Paulo Silveira.
Ainda pela manhã, o Senado já havia apresentado recurso ao STF contra a decisão do ministro do STF de afastar Renan.
"É normal a arrancada na abertura, depois a moeda (norte-americana) se acomoda, ainda mais porque o mercado sabe que o BC está atento e pode agir mais", comentou pela manhã Amado, da Spinelli Corretora.
O Banco Central fez novamente leilão de swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares, vendendo integralmente a oferta de 15 mil contratos para rolagem dos contratos que vencem em janeiro.
O arrefecimento do dólar frente ao real contou também com a ajuda da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, considerada "dovish" e que sinalizou corte mais pronunciado dos juros em janeiro. Hoje, a Selic está em 13,75 por cento ao ano.
"Quando o BC sinalizou que pode cortar os juros mais rapidamente, o estrangeiro entendeu que precisava aplicar mais rápido para aproveitar as taxas", explicou um operador de uma corretora nacional.
Na semana passada, o BC decidiu dar sequência ao ciclo de afrouxamento da Selic com mais um corte de 0,25 ponto percentual, o segundo seguido, levando-a a 13,75 por cento ao ano.
Agora, os agentes econômicos acreditam que a taxa deve ser reduzida em 0,5 ponto percentual no próximo mês.