Desde janeiro, moeda acumula baixa de 4,85% (Adam Gault/Thinkstock/Thinkstock)
Reuters
Publicado em 9 de janeiro de 2019 às 17h31.
SÃO PAULO - O dólar recuou novamente nesta quarta-feira e fechou abaixo de 3,70 reais pela primeira vez em mais de dois meses, acompanhando o comportamento da moeda no mercado externo após o término das negociações comerciais entre Estados Unidos e China e em meio à expectativa de anúncio de uma proposta de reforma da Previdência pelo governo Jair Bolsonaro.
O dólar recuou 0,75 por cento, a 3,6878 reais na venda, menor nível desde os 3,6546 reais de 26 de outubro passado.
Foi a quinta queda em seis pregões, acumulando, em janeiro até agora baixa de 4,85 por cento. Na mínima desta sessão, a moeda foi a 3,6758 reais e, na máxima, a 3,7128 reais. O dólar futuro tinha queda de 0,89 por cento, ampliada após a ata do último encontro de política monetária do Federal Reserve após o fechamento da sessão regular.
Às 12:11, a moeda americana recuava 0,78 por cento, a 3,6866 reais na venda, depois de terminar a sessão anterior em queda de 0,50 por cento, a 3,7155 reais. Na mínima, marcou 3,6846 reais. O dólar futuro tinha queda de cerca de 0,67 por cento.
"O que o governo tem apresentado é positivo, mas agora precisamos de ação", ponderou a estrategista de câmbio do banco Ourinvest Fernanda Consorte.
Pesquisa da Reuters com economistas indicou que a expectativa é que o dólar fique em torno de 3,7650 reais até o fim de 2019, de acordo com a mediana das estimativas de 26 analistas. As projeções para o câmbio em um, três e seis meses na pesquisa ficaram próximas desse nível, embora alguns especialistas alertem para instabilidades conforme o governo do presidente Jair Bolsonaro busca a aprovação das aguardadas reformas econômicas.
Na véspera, o ministro da Economia, Paulo Guedes, após reunião com o chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse que a reforma do atual modelo de Previdência será acompanhada pela criação de um regime de capitalização, que trará ganhos mais fortes para o sistema.
Guedes disse ainda que a reforma não será fatiada e que o governo estuda proposta com regra de transição "da mesma profundidade" da que existia antes, que considerava um tempo de 20 anos para a travessia.
Nesta manhã, Onyx acrescentou que o presidente Jair Bolsonaro decidirá na próxima semana sobre a proposta que será apresentada e enfatizou que a intenção é apresentar um pacote único ao Congresso para reformar o sistema previdenciário, ao invés de uma reforma fatiada.
"Precisamos ver o que de fato vai ser discutido no Congresso", acrescentou Fernanda, ressaltando que, até que os parlamentares voltem ao trabalho, em fevereiro, os investidores locais devem continuar sendo os mais 'animados' com Brasil.
Isso porque o mercado externo ainda tem questões que prejudicam os emergentes, como a desaceleração global decorrente da guerra comercial entre Estados Unidos e China.
No entanto, predominava nesta sessão o otimismo de que EUA e China possam avançar na direção de um acordo comercial após três dias de reuniões, aliviando os temores de uma guerra comercial generalizada.
O editor de um jornal estatal chinês afirmou em uma publicação em uma mídia social acreditar que a China e os EUA divulgarão um comunicado na quinta-feira.
Essa perspectiva ajudava o dólar a recuar ante a cesta de moedas e também ante divisas de emergentes, como o peso mexicano.
O BC vendeu nesta sessão 13,4 mil contratos de swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares. Desta forma, rolou 4,02 bilhões de dólares do total de 13,398 bilhões de dólares que vencem em fevereiro.
Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.