Dólar: "a tendência do dólar segue indefinida, podendo voltar a subir fortemente se a crise envolvendo o presidente se estender" (foto/Thinkstock)
Reuters
Publicado em 23 de maio de 2017 às 17h17.
São Paulo - O dólar fechou a terça-feira em baixa frente ao real, com investidores um pouco mais aliviados com os esforços do governo para dar andamento às reformas trabalhista e da Previdência, considerada essencial para colocar as contas públicas do país em ordem, no Congresso Nacional.
O dólar recuou 0,31 por cento, a 3,2662 reais na venda, depois de ter acumulado alta de 4,55 por cento, até a véspera, desde a eclosão da crise política que acertou em cheio o presidente Michel Temer, em meados da semana passada.
Na mínima da sessão, a moeda norte-americana marcou 3,2557 reais e, na máxima, 3,2904 reais. O dólar futuro era negociado com leve baixa de cerca de 0,10 por cento no final da tarde.
"(Mas) a tendência do dólar segue indefinida, podendo voltar a subir fortemente se a crise envolvendo o presidente Michel Temer se estender por muito tempo", avaliou o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik.
Temer é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução da Justiça, investigação aberta com base em acordo de delação fechado por Joesley Batista, do grupo JBS. Temer teve uma conversa gravada pelo empresário.
Para tentar mostrar força, o governo vem se esforçando para ver sua pauta econômica andando no Congresso Nacional.
Na véspera, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), informou que a votação da reforma da Previdência deve começar entre os dias 5 e 12 de junho na Casa.
Além disso, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado fez audiência pública para debater o projeto de reforma trabalhista e o calendário prevê que a votação possa ocorrer na próxima semana.
Do lado negativo, a agência de classificação de risco Standard & Poor's decidiu colocar em observação negativa a perspectiva da nota de crédito soberano do Brasil, hoje em BB, citando o aumento das incertezas políticas. A observação negativa reflete o risco de corte no rating nos próximos três meses.
O Banco Central realizou nesta sessão o último dos três leilões anunciados de novos swaps cambiais tradicionais --equivalentes à venda futura de dólares-- para tentar reduzir a volatilidade no câmbio após o estouro da crise política.
Foram vendidos todos os 40 mil contratos nos três leilões, equivalente a 6 bilhões de dólares.
A autoridade monetária também vendeu integralmente a oferta de até 8 mil swaps para rolagem dos contratos com vencimento em junho.
Com o leilão desta terça-feira, faltam rolar ainda 2,035 bilhões do total de 4,435 bilhões de dólares que vencem no mês que vem.