Dólar: No exterior, a moeda norte-americana subia ante uma cesta de moedas depois de ter atingido mais cedo o menor nível desde dezembro de 2014 (Dado Ruvic/Reuters)
Reuters
Publicado em 16 de fevereiro de 2018 às 17h18.
São Paulo - O dólar fechou em baixa nesta sexta-feira ante o real com o cenário externo mais tranquilo e com maior busca por risco, levando a moeda norte-americana a fechar com a maior queda semanal em sete meses.
A cena política interna também seguiu no radar dos mercados, com a intervenção federal na segurança pública no Estado do Rio de Janeiro colocando em risco a votação da reforma da Previdência, que já era vista com muito ceticismo pelos investidores.
O dólar recuou 0,45 por cento, a 3,2213 reais na venda, depois de oscilar entre a mínima de 3,2026 reais e a máxima de 3,2486 reais. O dólar futuro cedia 0,46 por cento.
Na semana, o dólar acumulou baixa de 2,45 por cento ante o real, maior recuo semanal desde o período encerrado em 14 de julho de 2017 (-2,88 por cento).
"O dólar está operando num patamar mais acomodado, depois de ter acalmado lá fora após o pessimismo da semana passada", afirmou o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado.
Na semana passada, a moeda norte-americana chegou a saltar à casa de 3,30 reais após dados econômicos mais fortes nos Estados Unidos alimentarem percepções de que o Federal Reserve, banco central do país, poderia elevar os juros num ritmo mais forte do que o esperado. Mas estes receios foram deixados de lado nesta semana.
Juros maiores tendem a atrair para a economia norte-americana recursos aplicados hoje em outras praças financeiras, como a brasileira.
No exterior, o dólar subia ante uma cesta de moedas depois de ter atingido mais cedo o menor nível desde dezembro de 2014. Na semana, o índice caminhava para perder cerca de 2 por cento, maior declínio desde fevereiro de 2016.
O dólar cedia ante divisas de países emergentes, como a lira turca e o peso argentino.
O avanço do preço de commodities, como o petróleo, também favoreceu o recuo do dólar ante o real, citaram profissionais.
Internamente, os investidores também acompanharam as negociações sobre a votação da reforma da Previdência, agora afetada pela intervenção do governo na segurança pública do Rio de Janeiro uma vez que a Constituição veta emendas constitucionais na vigência de intervenção federal.
O governo batalhava para colocar a matéria em votação até o final deste mês, mas ainda não havia conseguido o apoio político mínimo.
"Pode não ter votação da Previdência, mas o mercado já não estava muito confiante que isso aconteceria", afirmou o diretor de operações da corretora Mirae, Pablo Spyer.
O presidente Michel Temer garantiu que a intervenção não afetará a reforma da Previdência. Ele disse que suspenderá a medida quando chegar o momento de votar o texto no Congresso.
O Banco Central vendeu integralmente a oferta de até 9.500 contratos de swap cambial tradicional --equivalentes à venda futura de dólares-- para rolagem do vencimento de março. Desta forma, já rolou 2,850 bilhões de dólares do total de 6,154 bilhões de dólares que vencem no mês que vem.
Mantido esse volume diário até o final do mês e vendendo os lotes todos, rolará integralmente os swaps que vencem agora.