Dólar: às 9h24, o dólar à vista no balcão era negociado a R$ 3,2320, em queda de 0,86% ante o real (FreeImage)
Da Redação
Publicado em 16 de março de 2015 às 11h30.
São Paulo - Depois de terminar a última sexta-feira, 13, negociado a R$ 3,2600, no maior nível desde abril de 2003, o dólar inicia esta semana em queda ante o real, num movimento de realização de lucros, acompanhando também a trajetória de desvalorização da moeda norte-americana ante o euro e o iene no exterior.
Apesar desse ajuste pontual, a tendência para a divisa continua sendo de alta, em meio às crescentes incertezas internas, após as manifestações de domingo, 15, contra a presidente Dilma Rousseff em diversas cidades do País.
A percepção é de que o confronto entre Congresso e governo deve ganhar força depois dos protestos, dificultando o avanço dos projetos de ajuste fiscal no Legislativo.
Para piorar, as perspectivas para a atividade não são boas. Divulgado mais cedo, o IBC-BR, que é considerado uma prévia do PIB do País, caiu 0,11% em janeiro ante dezembro de 2014, com ajuste.
Às 9h24, o dólar à vista no balcão era negociado a R$ 3,2320, em queda de 0,86% ante o real, depois de abrir em baixa de 0,74%, a R$ 3,2360.
No mercado futuro, a moeda para abril exibe desvalorização de 0,58%, cotada a R$ 3,2480, embora na abertura tenha registrado alta de 0,40%, a R$ 3,2800.
Segundo operadores, ao longo do dia, os sinais de que o Banco Central não irá intervir no câmbio e expectativas sobre a reunião do Federal Reserve na quarta-feira, 18, podem dar lugar a um movimento de busca de proteção nos mercados.
"Após as manifestações, a pergunta é se o cumprimento do objetivo fiscal é factível ou não. Essa é a grande questão que temos no momento", disse o economista para o Brasil do espanhol BBVA Research, Enestor dos Santos, ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.
Segundo ele, os protestos populares têm potencial para levar o governo ou os parlamentares a recuar em algumas das medidas para arrumação das contas públicas, especialmente aquelas com impacto impopular como o aumento de impostos.
"Se o apoio ao ajuste fiscal diminuir no governo ou no Congresso, isso vai determinar se o Brasil continuará ou não com o grau de investimento", completou.
Na pesquisa Focus, do Banco Central, o câmbio projetado para o fim de 2015 subiu de R$ 2,95 para R$ 3,06; e para fim de 2016 avançou de R$ 3,00 para R$ 3,11.
A inflação estimada para 2015 subiu de 7,77% para 7,93% e, para 2016, de 5,51% para 5,60%.
A retração do PIB em 2015 passou de 0,66% para 0,78%, enquanto a expansão do PIB em 2016 desacelerou de 1,40% para 1,30%.
A Selic estimada no fim de 2015 segue em 13,00%.