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Dólar bate recorde com mercado à espera de novos cortes de juros

Moeda chegou a cair pela manhã, após fala de Trump sobre acordo entre Rússia e Arábia Saudita

Dólar: dólar interbancário subiu 1,29% na quarta-feira, a 5,2613 reais na venda (Pleasureofart/Getty Images)

Dólar: dólar interbancário subiu 1,29% na quarta-feira, a 5,2613 reais na venda (Pleasureofart/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 2 de abril de 2020 às 17h30.

Última atualização em 2 de abril de 2020 às 18h33.

O dólar voltou a ganhar força frente ao real nesta quinta-feira, 2, com as expectativas de um novo corte de juros se avolumando no mercado. Hoje, o Itaú Asset informou que espera que, até o fim de 2020, a taxa Selic caia dos atuais 3,75% ao ano para 1,5% ao ano. A queda dos juros tende a enfraquecer a moeda local, visto que os títulos públicos ficam menos atrativos para investidores estrangeiros. No pregão, o dólar comercial encerrou cotado a 5,266 reais, em alta de 0,1% - o suficiente para a moeda americana registrar um novo recorde. O dólar turismo subiu 0,2%, fechando a 5,56 reais.

"As projeções de novos cortes estão ganhando força por essa ser uma saída [para estimular a economia]", disse Vanei Nagem, analista de Câmbio da Terra Investimentos.

Apesar da alta ter sido leve, o dia foi intenso. Pela manhã, o dólar chegou a registrar queda de quase 1%, logo após o presidente Donald Trump afirmar à CNBC que espera que a Rússia e a Arábia Saudita anunciem, em breve, um acordo para reduzir a produção de petróleo em 10 milhões de barris. A decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) de autorizar o Banco Central a firmar contrato de liquidez com o Federal Reserve (Fed) também ajudaram a tirar um pouco da pressão sobre o real. No mês passado o Fed havia prometido ao Brasil até 60 bilhões de dólares em linhas de swap.

Em março, a queda do preço do petróleo - que já vinha em baixa com a menor demanda - foi acentuada, após a Arábia Saudita elevar a produção em seu território em resposta à desavença comercial que teve com a Rússia. Somente em março, o preço do petróleo futuro despencou 50%, alterando toda a dinâmica do setor e injetando ainda mais incertezas na economia.

O discurso tirou parte do estresse do mercado, que estava pessimista, depois de dados semanais sobre pedidos de seguro desemprego nos Estados Unidos voltarem a surpreender negativamente, registrando 6,648 milhões.

"Os dados sobre desemprego vão fazer bastante preço daqui para frente", afirmou Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos. No país, já são 236.339 infectados e 5.648 mortos pela doença, segundo a Universidade Johns Hopkins.

Apesar da recente apreciação da moeda americana, investidores estrangeiros já começam a vê-la como “sobrevalorizada”, como é o caso do diretor de research do banco europeu ING, Chris Turner. “Quando a deslocação nos mercados de financiamento em dólares for resolvida e com alguma acalmada nos mercados - provavelmente nas próximas semanas -, veremos que o dólar está muito caro”, escreveu em relatório.

Ele também diz que a valorização do dólar no mundo foi impulsionada, principalmente, pela repentina saída de investimentos nos mercados emergentes, mas acredita que a volta também possa vir depressa. ”Suspeitamos que os investidores retornem seletivamente aos mercados emergentes muito mais cedo do que durante a crise do subprime [que demorou cerca de 4 meses].”

Pelas análises do ING, a injeção de dólares promovida pelo Fed em bancos centrais de outros países pode acelerar esse processo de queda do dólar. “Os investidores começarão a comprar nos mercados de ativos bem antes do ponto mais baixo da atividade. À medida que o segundo trimestre avança, suspeitamos que os fluxos para mercados emergentes sejam retomados e a pressão positiva venha do dólar.”

No exterior, o dólar tinha mais um dia de valorização contra as principais dividas do planeta, como o euro e o iene japonês, mas dava uma trégua para algumas moedas emergentes, como o lira turca e o rublo russo.

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