Dólar: moeda americana recuou 1,1% na sessão anterior e fechou cotada a 5,08 reais (Adam Gault/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 25 de março de 2020 às 09h15.
Última atualização em 25 de março de 2020 às 17h22.
São Paulo - Em mais um dia de alívio no mercado financeiro, o dólar voltou a fechar em queda frente ao real nesta quarta-feira (25) à espera da aprovação do pacote de 2 trilhões de dólares nos Estados Unidos. Pela manhã, o Banco Central fez leilão de linha de até 3,3 bilhões de dólares. Na sessão, o dólar comercial caiu 0,9% e encerrou cotado a 5,033 reais. O dólar turismo recuou 2,4%, a 5,24 reais.
O maior otimismo nas negociações se deu depois o governo de Donald Trump e o Senado americano terem chegado a um acordo, na madrugada, para aprovar o projeto de estímulo econômico - que deve ser votado ainda hoje.
Para Vanei Nagem, analista de câmbio da Terra Investimentos, a aprovação da medida pode aliviar a pressão sobre o real. "Não vai voltar ao que era antes, mas vai dar uma relaxada. É uma injeção de muitos dólares na economia", disse.
Sobre o leilão do BC, realizado mesmo em um dia de menor pressão no mercado financeiro, Nagem acredita ter sido algo pontual, sem intenção concreta de acentuar o movimento de queda do dólar. "O Banco Central sabe mais do que todos quando falta liquidez no mercado."
Também repercutiu no mercado o discurso do presidente Jair Bolsonaro feito, ontem (24), em rede nacional. Entre outras coisas, Bolsonaro ressaltou os impactos econômicos da quarentena e disse que não havia a necessidade de comércios e escolas pararem devido ao coronavírus (Covid-2019).
O discurso, que foi contra as orientações dos especialistas da área da saúde, também gerou certa instabilidade política. Ainda ontem, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, classificou o pronunciamento do presidente como "equivocado", enquanto o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, disse que Bolsonaro adotou uma posição "grave".
Bruce Barbosa, analista e fundador da Nord Research, acredita que a evolução dos atritos entre Bolsonaro e representantes de outros poderes e instâncias pode ter efeito negativo. "O mercado é pragmático. Se o Congresso continuar a favor das reformas, ainda vai ter certo otimismo, mas se começar a dar sinais de que essa luta com Executivo vai ficar pior, pode ser que o mercado mude de opinião."