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Dólar supera R$4,23 com temores renovados sobre coronavírus

Moeda americana bate máxima em 8 semanas com aversão global a risco por surto de vírus

Dólar se valoriza frente a moedas emergentes (JamieB/Getty Images)

Dólar se valoriza frente a moedas emergentes (JamieB/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 27 de janeiro de 2020 às 09h18.

Última atualização em 27 de janeiro de 2020 às 16h17.

São Paulo —  O dólar saltava ao maior patamar em oito semanas nesta segunda-feira, chegando a superar 4,23 reais, num dia de ampla aversão a risco nos mercados globais diante do crescente medo relacionado à propagação de um vírus originário na China.

Às 15:38, o dólar avançava 0,44%, a 4,2042 reais na venda.

Na máxima, a cotação foi a 4,2322 reais na venda, pico intradia desde 2 de dezembro do ano passado. O dólar já acumula alta de 5% ante o real neste mês, pior desempenho entre 33 rivais da moeda norte-americana e que coloca o real a caminho de seu pior início de ano em uma década.

Na B3, o dólar futuro de maior liquidez tinha alta de 0,71%, a 4,2135 reais.

"As preocupações com saúde pública pesam sobre o apetite por risco e ditam perdas nas ações, enquanto os Treasuries e o dólar têm desempenho superior", resumiram estrategistas do Morgan Stanley em nota a clientes.

A infecção pelo vírus já matou 81 pessoas e isolou milhões de pessoas no principal feriado festivo da China. Apenas no país o número de casos confirmados já é de 2.835. O receio do mercado é que o surto afete a demanda dos consumidores e tenha impactos mais diretos e abrangentes sobre a atividade econômica, já que o mercado tem na memória a epidemia de SARS de 2002 a 2003, também na China.

Além do real, outras divisas de risco se desvalorizavam nesta sessão, com destaque para rand sul-africano, em queda de 1,4%, e peso chileno, em baixa de 1,3%. O dólar da Austrália --cuja economia é bastante exposta à China-- depreciava 1%. Na outra ponta, o iene japonês, demandado em tempos de incerteza econômica, tinha alta de 0,2%.

Uma medida de incerteza para a taxa de câmbio, porém, seguia próxima de mínimas em vários anos, o que era lido pelo mercado como indicação de que não se fazia necessária atuação do Banco Central para frear a volatilidade do real.

A volatilidade implícita embutida nas opções de dólar/real com vencimento em três meses subia a 9,56% ao ano, de 9,38% da sexta-feira e de uma mínima de 9,03%.

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