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Dividendo e capex de Petrobras frustram investidores; ação chega a cair mais de 8%

A empresa anunciou R$ 9,1 bilhões em dividendos ordinários, abaixo das projeções de analistas

A empresa anunciou R$ 9,1 bilhões em dividendos ordinários, abaixo das projeções de analistas. (Agência Petrobras/Divulgação)

A empresa anunciou R$ 9,1 bilhões em dividendos ordinários, abaixo das projeções de analistas. (Agência Petrobras/Divulgação)

Letícia Furlan
Letícia Furlan

Repórter de Mercado Imobiliário

Publicado em 27 de fevereiro de 2025 às 10h30.

Última atualização em 27 de fevereiro de 2025 às 17h18.

As ações preferenciais da Petrobras (PETR4) chegaram a cair mais de 8% durante a tarde desta quinta-feira, 27. No momento, elas caem 4%, enquanto as ações ordinárias (PETR3) caem 5,78%. Na véspera, a petroleira divulgou um prejuízo de R$ 17 bilhões no 4º trimestre de 2024, revertendo o lucro de R$ 31 bilhões registrado no mesmo período de 2023. O resultado foi fortemente impactado pela variação cambial nas dívidas entre a estatal e suas subsidiárias no exterior. O lucro líquido ajustado do trimestre seria de R$ 17,7 bilhões, representando uma queda de 53% em relação ao quarto trimestre de 2023.

Para Ruy Hungria, analista da Empiricus, algo que demanda atenção são os investimentos, que aceleraram de US$ 4,4 bilhões no terceiro trimestre para US$ 5,7 bilhões no quarto trimestre. "Isso, inclusive, fez o capex estourar o guidance do ano, e pode começar a impactar o pagamento de dividendos da estatal daqui para frente", afirma o especialista.

A empresa anunciou R$ 9,1 bilhões em dividendos ordinários, abaixo das projeções de analistas, que esperavam algo em torno de R$ 14 bilhões.

Aumento do capex

Para analistas do BTG Pactual (mesmo grupo controlador da EXAME), o mercado deve se voltar para o capex reportado pela Petrobras. O resultado deve deixar investidores mais céticos em relação ao potencial de dividendos no curto prazo.

"Há tempos defendemos a Petrobras como nossa top pick, com a premissa de que a disciplina de capital, aliada a uma governança sólida, levaria a distribuições acima do esperado. Embora mantenhamos essa visão, após vários trimestres de superação das expectativas, acreditamos que uma reação negativa da ação seja razoável", afirmou o banco em relatório.

Para os analistas, no entanto, não é certo que o aumento do capex esteja ligado a estouro de custos. Dessa forma, o argumento de que o maior investimento em 2024 pode resultar em menores desembolsos em 2025 ainda pode ser utilizado. Mas os especialistas lembram que a Petrobras não revisou para baixo sua projeção de capex para 2025.

"Como não há garantia de que o descompasso físico-financeiro não voltará a crescer com o avanço de novos projetos, acreditamos que a relutância dos investidores em pagar por crescimento de longo prazo — com PRIO como um exemplo recente —, combinada com a possibilidade de menores distribuições no curto prazo, pode levá-los a exigir múltiplos mais baixos para manter a ação", diz o relatório.

Mesmo assim, a equipe do BTG Pactual mantém a recomendação de compra para as ações da Petrobras, sob justificativa de que nos últimos anos, "episódios de pânico excessivo com trocas de CEO, políticas de preços de combustíveis e riscos de fusões e aquisições frequentemente" criaram boas oportunidades de entrada na ação". Fora isso, o banco sinaliza que, a menos que haja uma revisão das projeções de capex para este ano, a ação estará sendo negociada com um rendimento de dividendos de 15%.

Riscos políticos

Os analistas do Goldman Sachs afirmam que o fato da Petrobras ter reiterado a projeção de capex para 2025 pode aumentar a preocupação dos investidores quanto a uma possível interferência do governo na compra. Apesar disso, o banco não acredita que o estatuto da Petrobras em vigor protege a empresa contra uma possível interferência política.

Os analistas do BTG Pactual também concordam que, dado o histórico da Petrobras de interferência política, "não esperamos que os investidores ignorem os riscos que uma decisão inesperada pode representar para a alocação de capital da empresa no futuro".

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