Petrobras: empresa pode ajustar prazos para a divulgação de balanços para incorporar novas informações denunciadas (Sérgio Moraes/Reuters)
Da Redação
Publicado em 14 de dezembro de 2014 às 08h35.
São Paulo - Em meio a tantos percalços, o dólar tem sido mais um agravante para as contas da Petrobras. A empresa mais endividada do mundo tem cerca de 80% de sua dívida de R$ 331 bilhões atrelada à moeda americana. Nos últimos seis meses, o dólar subiu 40% e, só por conta dessa oscilação, a empresa ganhou R$ 50 bilhões a mais em dívida, se levada em conta as últimas informações de balanço disponíveis.
A capacidade financeira da empresa em pagar seus financiamentos se tornou questão crucial desde que teve de adiar a publicação do balanço do terceiro trimestre. A auditoria externa se recusou a dar o aval à contabilidade da estatal até que a empresa faça a própria investigação sobre as denúncias de corrupção e apure o quanto disso vai ter impacto nos seus números.
Sem o balanço, a Petrobras não tem como tomar empréstimos para refinanciar a dívida que vence no próximo ano. Mais grave ainda, caso não o publique até 31 de janeiro de 2015 pode ter de antecipar o pagamento de parte dela.
Sem ter financiamento disponível, a empresa precisa de caixa para bancar todo seu plano de investimentos para o próximo ano, de cerca de R$ 100 bilhões. Para tentar resolver a situação, a diretoria informou na sexta-feira que está implementando uma série de ações para tentar preservar o caixa e dessa forma não depender de novos empréstimos.
Entre essas ações está a antecipação de créditos que tem a receber, a redução dos investimentos em projetos, a revisão de estratégias de preços de produtos e a redução de custos operacionais.
A empresa não deu mais detalhes, mas a antecipação de créditos, por exemplo, se refere ao pagamento que a Eletrobrás deve fazer de uma dívida de R$ 8,5 bilhões que possui para pagamento de combustíveis de térmicas. Esse pagamento será feito com a ajuda do Tesouro Nacional.
Petróleo
Segundo comunicado divulgado na sexta-feira, se o preço do barril de petróleo ficar em média em torno de US$ 70 e o dólar a US$ 2,60, essas ações vão assegurar um caixa livre para o próximo ano. Em 30 de setembro, esse caixa era de R$ 62,4 bilhões.
O analista da Coinvalores Bruno Piagentini Caloni diz que a queda dos preços do petróleo no mercado internacional vai ajudar o caixa da empresa neste momento. O barril do petróleo está quase pela metade do que valia em junho, isso ajuda a Petrobras porque hoje ela é mais importadora dos derivados do petróleo do que exportadora do produto.
Para se ter uma ideia, o analista diz que, no primeiro semestre, as perdas da empresa foram de R$ 8 bilhões com as altas cotações do petróleo e que não puderam ser repassadas para o preço da gasolina.
A preocupação dos investidores, entretanto, é que no longo prazo, se os preços do petróleo não voltarem para níveis acima de US$ 100, a companhia fique prejudicada, pois pode ficar com os investimentos no pré-sal comprometidos.
A estimativa é de que o custo para se tirar petróleo da camada do pré-sal esteja entre US$ 45 e US$ 65, segundo o consultor Pedro Galdi, da Galdi Consultoria de Investimentos. "Se o preço do petróleo se mantiver baixo por muito tempo, a extração em águas profundas começa a ficar inviável", diz ele. Essa preocupação ajudou nos últimos dias a piorar ainda mais a situação das ações da Petrobras em Bolsa, que fecharam a semana valendo menos de R$ 10. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo