No Brasil, o banco atua em câmbio, em vendas no mercado primário e secundário de ações e títulos, em empréstimos corporativos e estruturados e em fusões e aquisições (Joern Pollex/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 21 de setembro de 2011 às 09h15.
São Paulo - O Deutsche Bank AG, que deixou a indústria de gestão de recursos de terceiros no Brasil em 2003, planeja agora retomar a atividade como parte de seus planos de expansão.
“A América Latina é definitivamente o lugar de onde o crescimento vem”, disse Bernardo Parnes, presidente do banco no Brasil para a recém-criada divisão para a América Latina, em entrevista na semana passada em São Paulo. “Estamos pensando em ter a ajuda dos grandes bancos brasileiros para distribuir nossos fundos.”
Segundo Parnes, de 51 anos, aquisições deixaram de ser uma opção após bancos rivais comprarem as últimas duas companhias independentes de gestão de recursos. O Credit Suisse Group AG comprou participação majoritária da Hedging-Griffo em 2006, enquanto o JPMorgan Chase & Co. adquiriu 55 por cento da Gávea Investimentos Ltda no ano passado. O patrimônio da indústria de gestão de recursos no Brasil é de cerca de R$ 1,8 trilhão, segundo dados da Associação de Bancos de Investimento e do Mercado de Capitais, a Anbima.
Comprar companhias com menos de R$ 1 bilhão sob gestão não valeria a pena por conta dos custos para adequar sistemas e política de compliance aos do Deutsche Bank, disse Parnes.
Em 2002, o Deutsche vendeu uma de suas duas divisões de gestão de recursos para o Banco Bradesco SA. A segunda divisão, chamada Max Blue Investimentos Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários, atendia clientes de renda elevada. Em 2003, o Banco do Brasil comprou os 50,1 por cento de participação que ainda não detinha da Max Blue.
“Indústria difícil”
“É uma indústria difícil”, disse Parnes. “As comissões tendem a ser zero no lado dos investidores institucionais e você tem de ser um grande banco com muitas agências para ter poder de distribuição para os clientes de varejo em um país tão grande como o Brasil.”
Parnes, que deixou o Bradesco em agosto de 2008 para se tornar presidente do Deutsche no Brasil, disse que sua prioridade vinha sendo construir as áreas de corporate de investment bank. A instituição tem 420 funcionários no Brasil, incluindo trabalhadores terceirizados, 23 por cento mais que em agosto de 2010 e 60 por cento mais que em dezembro de 2009. O banco atende mais de 600 clientes.
No Brasil, o Deutsche Bank atua em câmbio, em vendas no mercado primário e secundário de ações e títulos, em empréstimos corporativos e estruturados e em fusões e aquisições. O banco também trabalha com a área chamada de global transaction banking, que inclui serviços de banco comercial e pagamentos realizados entre países, redução de riscos para o comércio internacional, e custódia para clientes investidores.
Divisão independente
A criação de uma divisão independente para a América Latina dará mais autonomia para a região, disse Parnes. Antes, ela fazia parte da divisão Américas. Outras regiões independentes são América do Norte, Alemanha, Europa, Reino Unido, Ásia, Japão e os países que formam o Oriente Médio e o norte da África.
“A decisão não foi uma surpresa para mim”, disse ele. “Quando fui entrevistado para me tornar o presidente do Deutsche no Brasil, Josef Ackermann, o CEO global do Deutsche, disse: ’Conserte o Brasil e se isso for bem, você vai conseguir a América Latina.’”
O foco na região será Brasil e México, disse ele. O Deutsche Bank tem 730 empregados dedicados à América Latina, incluindo 200 em Nova York. O banco está presente no Brasil, na Argentina, no Chile, no Peru e no México.