BTG na bolsa: outra empresa com fatia relevante do BTG é a BR Properties, que caiu 4,65% na terça (CESAR GRECO/FOTO ARENA)
Da Redação
Publicado em 9 de dezembro de 2015 às 10h17.
São Paulo - A notícia de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ofereceu denúncia contra André Esteves levou a ação do BTG Pactual na terça-feira, 8, à maior queda desde a registrada no dia da prisão do banqueiro (25 de novembro), quando os papéis caíram 21%.
Com a desvalorização de 14,96% da terça, as units (pacote de ações) do banco fecharam cotadas a R$ 14,95. A instituição já perdeu 51,6% de seu valor na Bolsa paulista desde que seu ex-presidente foi detido.
Além da denúncia de Janot, o mercado também ponderou a real capacidade de o banco vender ativos rapidamente - carteiras de crédito, debêntures (títulos de dívida), participações em empresas etc. - para fazer frente à necessidade de ganhar liquidez no curto prazo.
A notícia de que a primeira parcela da ajuda do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) - cerca de R$ 2 bilhões - que já entrou no caixa foi suficiente para estancar a queda.
Na sexta-feira, o FGC, instituição mantida por recursos dos correntistas e controlada pelos bancos, liberou linha de R$ 6 bilhões ao BTG.
Nas duas últimas semanas, o banco trocou seu comando - Esteves, porém, mantém-se como acionista -, começou a vender ativos (como a fatia de 12% na Rede DOr, por R$ 2,38 bilhões ao fundo soberano GIC, de Cingapura) e negocia outros desinvestimentos em empresas e em instituições financeiras, como no banco suíço BSI e o chileno Celfin, segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo.
O banco está analisando propostas, segundo fontes. No caso do Celfin, os antigos acionistas estão no páreo.
Conselheiros independentes do BTG vão anunciar nos próximos dias a contratação de uma auditoria internacional para fazer pente-fino nas negociações já realizadas, com intuito de descartar eventuais operações ilegais envolvendo a instituição.
Na Bolsa, a BR Pharma - ativo que reúne várias redes de farmácias - voltou a sofrer na terça. Em apenas dois dias, a ação perdeu 42,5%. Na terça, as perdas foram de 22,08%, com o papel encerrando o dia a R$ 7,87 (na sexta-feira passada, valia R$ 13,70).
Na segunda-feira, o BTG afirmou que a capitalização de R$ 600 milhões para a BR Pharma, que está muito endividada, seria feita. No entanto, fontes disseram que a venda "fatiada" dos ativos está sendo estudada.
Ainda na BM&FBovespa, outra empresa com fatia relevante do BTG é a BR Properties (ativos imobiliários), que caiu 4,65% na terça.
O papel sofreu com o anúncio de um leilão de venda dos papéis, a ser realizado na quinta-feira, que envolve 59 milhões de ações, o equivalente a 19,78% dos papéis ON, a R$ 7,50.
A corretora intermediadora é a do BTG Pactual e o próprio banco é apontado como vendedor no mercado, mas não confirma a informação.
Fuga de capital
Desde que a crise foi instaurada no banco, o BTG tem tentado dar sinais ao mercado de que poderá conter os resgates de investidores.
Além da mudança da gestão e linha de crédito do FGC, o banco pediu autorização à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para intensificar as compras de suas units. Para o mercado, seria uma forma de fechar o capital, mas fontes próximas ao banco negam o movimento.
O banco está intensificando a venda de sua carteira de crédito para outros bancos, estimados em cerca de R$ 20 bilhões, e de debêntures. De acordo com fontes de mercado, no entanto, essas negociações estão indo mais devagar do que o inicialmente projetado.
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo apurou, um investidor estrangeiro interessado em carteiras de crédito esperava fechar negócio nesta semana, mas agora prevê assinar o contrato só depois do dia 15.
Duas fontes ouvidas pela reportagem disseram que o banco corre contra o relógio e está sob pressão do Banco Central para encontrar solução rápida à sua situação de liquidez.