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Demanda reprimida pode gerar inflação nos EUA em 2021

Por outro lado, a maioria dos economistas acredita que o aumento geral de preços não deve ser uma fonte de preocupação ao longo dos próximos anos

Dados a serem divulgados na quarta-feira devem mostrar que os preços ao consumidor subiram 1,3% em 2020 nos EUA (vinnstock/Getty Images)

Dados a serem divulgados na quarta-feira devem mostrar que os preços ao consumidor subiram 1,3% em 2020 nos EUA (vinnstock/Getty Images)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 11 de janeiro de 2021 às 15h00.

Última atualização em 11 de janeiro de 2021 às 15h06.

(Bloomberg) Ainda são minoria, mas investidores e economistas que projetam um avanço sério da inflação nos Estados Unidos começam o ano com nova munição para seus argumentos.

As vacinas oferecem a perspectiva do fim das restrições causadas pela pandemia que podem trazer os consumidores de volta. É o que os economistas chamam de demanda reprimida, um termo agora aplicado literalmente. O governo Biden provavelmente aumentará os gastos das famílias com mais ajuda financeira, depois que os democratas ganharam o controle do Senado. E, como pano de fundo, o dólar perde força e os preços das commodities têm subido continuamente há meses.

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Tudo isso elevou indicadores da inflação projetada no mercado de títulos. A chamada taxa de equilíbrio dos títulos de 10 anos do Tesouro dos EUA ultrapassou 2% na última semana, para o maior nível em mais de dois anos. Ainda assim, a visão predominante entre economistas - incluindo, de forma crucial, a do banco central americano, o Federal Reserve (Fed) - é que levará anos antes que os EUA tenham que se preocupar com a inflação.

Dados a serem divulgados na quarta-feira devem mostrar que os preços ao consumidor subiram 1,3% em 2020. Com custos em alta para produtores, quase todos preveem inflação mais alta neste ano. Mas, mesmo até o final de 2022, o indicador mais seguido pelo Fed não ultrapassará a meta de 2%, segundo pesquisas com economistas. E autoridades do banco querem que a inflação fique acima desse nível por um tempo antes de aumentar as taxas de juros.

Os céticos sobre um avanço da inflação apontam para o mercado de trabalho ainda deprimido pelo coronavírus, tendências mais profundas na demografia e tecnologia que mantêm os preços baixos e o risco de que políticos retirem o apoio à economia muito cedo, como fizeram no passado recente.

Por outro lado, os gastos fiscais têm sido o motor da recuperação da crise, e o presidente eleito Joe Biden - que promete fazer mais - tem um caminho mais aberto para levar seus planos ao Congresso depois que os democratas conquistaram os dois assentos no Senado nas eleições de segundo turno em 5 de janeiro na Geórgia.

“A agenda de Biden está de volta, o que significa ainda mais expansão fiscal no curto prazo”, diz Aneta Markowska, economista-chefe do Jefferies. Ela espera que os rendimentos dos títulos do Tesouro de 10 anos, que ultrapassaram 1% na semana passada pela primeira vez desde a chegada da pandemia em meados de março, atinjam 2% no final do ano.

Enquanto isso, o Fed, que não pode fazer muito para acelerar a economia no momento, continua no comando dos freios -- e espera não ter que pisá-los tão cedo. Depois de ficar consistentemente abaixo da meta, a nova política do Fed é permitir que a inflação ultrapasse esse nível e permaneça nesse patamar -- em uma média de 2% ao longo do tempo -- antes de aumentar os juros para esfriar a economia.

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