Demanda por crédito do consumidor sobe 1,9% em julho, diz Boa Vista (BOAS3) (Image Source/Getty Images)
A demanda por crédito do consumidor começou o segundo semestre com uma alta de 1,9%. Os dados foram divulgados nesta terça-feira, 21, pela Boa Vista SCPC (BOAS3), com exclusividade pela EXAME..
O indicador comparou os meses de junho e julho com dados dados dessazonalizados. Segundo a Boa Vista, o resultado praticamente reverteu a queda na demanda por crédito observada no mês de junho, de mesma magnitude, e pôs fim a uma sequência de três quedas consecutivas na mesma base de comparação.
Porém, o efeito das quedas anteriores prevaleceu na comparação do trimestre móvel findo em julho contra o trimestre findo em abril, tanto que o indicador recuou 5,3% nesse período.
Na série de dados originais, o indicador avançou 1,5% na comparação interanual e isso fez com que o resultado acumulado no ano desacelerasse ainda mais, passando de 8,5% em junho para 7,4% em julho.
Essa tendência também foi mantida na análise de longo prazo, medida pela variação acumulada em 12 meses, uma vez que o crescimento passou de 9,1% para 8,3% no mesmo período.
As aberturas do indicador apresentaram comportamentos bem diferentes em julho. No mês foi observada alta de 3,8% no segmento “Não Financeiro”, enquanto o segmento “Financeiro” caiu 0,8%. Na comparação interanual, por outro lado, houve queda no segmento “Não Financeiro”, de 9,5%, e alta de 17,8% no segmento “Financeiro”.
A despeito dessas diferenças, as curvas de longo prazo de ambos os indicadores se mantiveram numa trajetória de desaceleração, o crescimento no segmento “Financeiro” passou de 17,4% para 16,8% e no segmento “Não Financeiro” de 3,6% para 2,7%.
O ritmo de desaceleração pode ter sido mais tímido em julho em comparação aos meses anteriores, mas nada sugere que essa tendência será revertida nos próximos meses.
Segundo a Boa Vista, a tendência de desaceleração deve permanecer na próximas semanas, mas a demanda deve encerrar o ano de forma positiva.
“A taxa de juros mais alta naturalmente esfria um pouco o ímpeto do consumidor no momento da contratação de crédito, da mesma forma que o aumento na inadimplência também deve tornar o processo de concessão de crédito mais rigoroso” diz o economista da Boa Vista, Flávio Calife.
Na semana passada, a Boa Vista divulgou os dados sobre a inadimplência no Brasil, que subiu 1,0% entre julho e agosto, segundos os dados dessazonalizados.
O resultado do mês ocorre após o indicador da inadimplência apontar elevação de 1,1% em julho e soma o segundo avanço mensal consecutivo.
Na mesma série de dados, houve elevação de 7,0% na comparação do trimestre móvel encerrado em agosto contra o trimestre findado em maio.
Na série de dados originais, o aumento de 28,2% na comparação interanual acelerou a variação nos resultados acumulados.
No ano o crescimento do indicador da Boa Vista passou de 12,8% para 14,5%, enquanto em 12 meses ele chegou a 12,3%, ante 9,5% até o mês de julho.
A variação no mês de agosto reforça a ideia de que a queda observada no mês de junho fora pontual e a tendência é de que o indicador continue subindo, mesmo que num ritmo mais lento em comparação às fortes variações observadas no 1º semestre, especialmente, entre os meses de março e maio.
“A melhora nos números do mercado de trabalho, não só a queda na taxa de desemprego, mas o aumento da renda em nível também, contribui para que essa tendência de alta daqui em diante seja mais suave, tanto que o indicador tem apresentado variações mais tímidas nos últimos três meses” diz o economista da Boa Vista, Flávio Calife.