Importações chegam a recorde de 26% do consumo interno, aponta o BTG (Thomas Barwick/Getty Images)
Editora do EXAME IN
Publicado em 22 de abril de 2025 às 09h04.
O setor siderúrgico brasileiro iniciou 2025 com uma combinação de sinais positivos — e desafios persistentes. O destaque está no crescimento expressivo da demanda aparente por aço no país, que segue com fôlego com um avanço de 16% em março na comparação anual, aponta o BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da Exame) em relatório.
As vendas internas de aço plano cresceram 17% no mês, enquanto os longos avançaram 7%. No acumulado do ano, a demanda aparente registra alta de 14%, puxada tanto por planos quanto por longos, de acordo com dados do Instituto Aço Brasil (IABr).
Apesar da força nos volumes, o setor ainda enfrenta um cenário desafiador no front competitivo. As importações continuam em alta e somaram 663 mil toneladas em março, um salto de 36% na comparação anual — levando a penetração das importações a 26%, o maior patamar da série levantada pelo banco. No acumulado do ano, o volume importado já é 31% maior do que em 2024.
Segundo os analistas Leonardo Correa e Marcelo Arazi, o atual sistema de cotas de importação implementado pelo governo não surtiu efeito relevante até agora. “A pressão deve persistir em 2025, a menos que medidas defensivas mais firmes sejam adotadas”, afirmam.
Além disso, a combinação entre excesso de oferta global e falta de poder de precificação local segue como principal obstáculo para a recuperação de margens. O relatório cita o prêmio elevado do aço plano doméstico (cerca de 30%) como um fator que amplia o risco de queda de preços no curto prazo.
No cenário internacional, a sobrecapacidade da China continua a pressionar os preços globais. “Não há sinais de racionalização de capacidade e tampouco estamos caminhando para um novo ciclo de infraestrutura que sustente uma recuperação da demanda global”, diz o BTG.
A tese de uma “reforma do lado da oferta 2.0” no país asiático, segundo o banco, permanece mais especulativa do que concreta.
Diante desse contexto, o BTG mantém uma visão cautelosa para o setor como um todo, preferindo nomes de maior qualidade e valuation descontado, como a Gerdau. A ação, de acordo com o relatório, negocia abaixo de 4 vezes o EBITDA projetado e oferece um yield de fluxo de caixa livre de 7% a 8% para 2025.