Trump e Xi em Osaka: cessar-fogo na criação de novas tarifas comerciais (Kevin Lamarque/Reuters)
Da Redação
Publicado em 1 de julho de 2019 às 06h04.
Última atualização em 1 de julho de 2019 às 07h36.
A 491 dias das eleições de 2020, o clima de campanha volta a ganhar corpo esta semana nos Estados Unidos, desta vez com a política internacional em foco. A expectativa é para saber como analistas e investidores reagirão à viagem do presidente Donald Trump à Ásia.
Trump teve participação discreta no encontro da cúpula do G20, em Osaka, no Japão. Pode-se até dizer que voltou a ser um estranho no ninho, isolado entre líderes com mais afinidade e disposição para o diálogo. Logo na sexta-feira teve que engolir o anúncio do acordo comercial entre Europa e Mercosul, uma resposta a sua retórica isolacionista. Mas depois, no sábado, selou um cessar fogo com o chinês Xi Jinping, se comprometendo a não implementar novas tarifas no comércio bilateral.
Mas a grande surpresa estava por vir. No domingo, na volta pra casa, Trump fez uma escala na Coreia do Sul e passou a ser o primeiro presidente americano a por os pés na Coreia do Norte. Depois, reuniu-se com o líder norte-coreano, Kim Jong-Un, e com o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-In, na zona desmilitarizada entre os dois países. A pauta, mais uma vez, é o desarmamento de Kim e as sanções a seu regime.
O democrata Bernie Sanders, um dos favoritos para enfrentar Trump na disputa eleitoral, disse que não culpa Trump por se encontrar com Kim, mas questionou o que de concreto acontecerá “amanhã ou no dia seguinte”. O amanhã chega nesta segund-feira, sem uma resposta clara à vista. A disposição ao diálogo com Kim contrasta com a mão de pesada de Trump com outro regime ditatorial, o Irã, alvo de uma nova leva de sanções na semana passada como resposta a seu programa de desenvolvimento nuclear.
O próximo encontro do G20 será na Arábia Saudita, um aliado histórico dos Estados Unidos, mas envolvido em escândalo desde o assassinato de um jornalista na embaixada do país, na Turquia. Trump não parece disposto a criticar o regime por este fato. Tampouco parece muito preocupado com o impacto de sua esquizofrênica agenda internacional no pleito de 2020.
O que deve jogar mesmo a seu favor é o crescimento econômico — e, para isso, a trégua com os chineses deve ser o que fica de sua aventura na Ásia. As principais bolsas asiáticas subiram na casa dos 2% nesta segunda-feira. Wall Street tende a seguir a toda.