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Day trade na mira: Influenciadores da bolsa são enquadrados pela CVM

Frequência de posts com recomendações de investimentos e remuneração em cima do serviço podem configurar a prática indevida de analista

Gregório Duvivier (YouTube/Reprodução)

Gregório Duvivier (YouTube/Reprodução)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 11 de novembro de 2020 às 19h27.

Última atualização em 13 de novembro de 2020 às 13h07.

Avisos como “estas são minhas opiniões pessoais, e não recomendações de investimentos” são comuns em vídeos e conteúdos de influenciadores digitais do mercado financeiro. A precaução é não ter o conteúdo enquadrado como “análise”, atividade regulada que impõe um novo grau de responsabilidade pelas dicas e conselhos apresentados aos seguidores. Nos últimos meses, disparou o número de influenciadores digitais do mercado financeiro, que passam dicas de investimentos e de operações como o day trade na bolsa.

Esses avisos, porém, não vão ser mais suficientes para separar os influenciadores dos analistas. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), autarquia reguladora do mercado de capitais brasileiro, se posicionou nesta quarta-feira, 11, sobre a atuação de influencers que se manifestem nas redes sociais sobre a área de investimentos.

A autarquia estabeleceu uma série de critérios que deve usar para identificar se o influenciador está fazendo uso profissional de seus conteúdos. Os fatores incluem frequência habitual nas postagens e benefícios ou remunerações pelas recomendações, como cobrança de taxa de assinatura, adesão ou mensalidades, e até mesmo receitas indiretas.

Todos são indicativos de que o influencer está fazendo uso profissional do conteúdo postado e que, portanto, deve ser encarado como um analista. Vale lembrar que todos os analistas de investimentos devem ser credenciados pela CVM para exercer a função.

As expressões e as palavras escolhidas também entram na análise do regulador. “A linguagem utilizada é um dos parâmetros avaliados para verificar se há serviço profissional sendo prestado. Fica claro que discursos mais assertivos ou apelativos comprovam a tentativa do influencer de convencer e induzir os investidores”, afirma em comunicado Rafael Custódio, gerente da Gerência de Acompanhamento de Investidores Institucionais (GAIN) da CVM.

Banner azul do BTG Pactual com letras brancas sobre deixar medo de investir de lado

(BTG Pactual Digital/Divulgação)

As penalidades para aqueles que descumprirem as regras variam entre advertência, multa e proibição de atuar no mercado.

O posicionamento da autarquia acontece em um momento de grande entrada de pessoas físicas no mercado de capitais brasileiro. Em setembro deste ano, a B3 alcançou a marca histórica de 3 milhões de pessoas físicas – o dobro do número registrado no mesmo período do ano passado.

O perfil dos investidores também mudou para um público mais jovem, e que começa a investir com menos dinheiro, prato cheio para quem ganha dinheiro recomendando investimentos.

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