Edifício do Federal Reserve em Washington, Estados Unidos: taxa de juros deve chegar a quase 2% no fim do ano (Leah Millis/Reuters)
Da Redação
Publicado em 17 de março de 2022 às 07h01.
Última atualização em 17 de março de 2022 às 10h37.
Bolsas globais operam em leve alta na manhã desta quinta-feira, dia 17, enquanto investidores ainda assimilam as mensagens da véspera dos bancos centrais americano e brasileiro sobre os próximos passos da política monetária.
Pesam a favor do sentimento favorável do investidor os mesmos fatores da véspera: as perspectivas para um cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia, com declarações nesse sentido do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. E o anúncio do governo da China, ontem, de que vai relaxar as restrições para empresas do país em mercados globais.
Se o recado do Federal Reserve, o Fed, foi duro ao sinalizar mais seis aumentos de juros neste ano e outras três em 2023, levando a taxa para perto de 2% ao fim deste ano e para 2,75% ao fim do próximo ano, não dá para dizer que as expectativas de mercado não apontavam para algo muito diferente.
Por outro lado, Jerome Powell, presidente do Fed, e seus colegas do FOMC (o comitê de política monetária) deixaram claro que a prioridade agora é, sim, combater a inflação mais elevada em quatro décadas e ancorar as expectativas, com a avaliação de que a economia americana é capaz de suportar esse aumento das taxas de juros. E isso, na visão de alguns economistas e analistas, reduz o grau de incertezas para os investidores.
"Seguimos construtivos para um dólar global forte, acompanhado de abertura da curva de juros liderada pelo componente real (limitando fechamento de curva doméstico) e rotação de growth para value por mais tempo", escreveram os economistas do time de Macro & Estratégia do BTG Pactual, liderados por Álvaro Frasson, em relatório ontem no fim do dia sobre a decisão do Fed.
No Brasil, o Copom elevou a taxa básica de juros de 10,75% para 11,75% ao ano e sinalizou um aumento da mesma magnitude, de 100 pontos base, na próxima reunião no começo de maio.
No comunicado, cujo tom foi considerado dovish (moderado) por parte do mercado, o Copom aponta entender que as elevações serão suficientes para a convergência da inflação para as metas em 2022 e 2023.
O mesmo comitê, por outro lado, deixou colocado que o ciclo de alta pode ir além dos 12,75% caso o cenário se deteriore e se faça necessário um aperto monetário mais duro.
"O Copom avalia que o momento exige serenidade para avaliação da extensão e duração dos atuais choques. Caso esses se provem mais persistentes ou maiores que o antecipado, o Comitê estará pronto para ajustar o tamanho do ciclo de aperto monetário", apontou o comunicado.
No Brasil, investidores devem reagir aos resultados da véspera. Um dos destaques foi o balanço da MRV (MRVE3), que veio abaixo das expectativas do mercado em razão de fatores como aumento das despesas administrativas e fraco desempenho de imóveis no segmento da Casa Verde e Amarela (ex-Minha Casa, Minha Vida). A notícia positiva foi a forte performance da AHS Residential, a empresa de aluguel residencial que opera no mercado americano.
No fim do dia, depois do fechamento do mercado, serão divulgados os resultados do quarto trimestre de Lojas Renner (LERN3), Fleury (FLRY3), B3 (B3SA3) e Cyrela (CYRE3), entre outras empresas.