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CVC aposta em verão histórico e canais digitais para retomar as vendas

Em entrevista à Exame Invest, CEO diz que turismo doméstico deve superar marcas do pré-pandemia ainda neste ano

Leonel Andrade: presidente da CVC | Foto: Germano Lüders16/09/2020 (Germano Lüders/Exame)

Leonel Andrade: presidente da CVC | Foto: Germano Lüders16/09/2020 (Germano Lüders/Exame)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 17 de agosto de 2021 às 10h05.

Líder do setor mais afetado pela pandemia, a CVC (CVCB3) espera sair da crise em posição ainda mais dominante do que entrou. Capitalizada, a empresa aproveitou o momento para expandir sua atuação por meio de aquisições e ajustar a parte operacional para a retomada do turismo, que já começou, de acordo com o CEO do grupo CVC, Leonel Andrade.

Com perspectivas de que a melhora do ambiente já se reflita no balanço do terceiro trimestre, o executivo espera uma explosão do turismo local na temporada de fim de ano. “Aviões lotados, hotéis com ocupação cheia e alto índice de imunização” prevê Leonel em entrevista à Exame Invest

“É óbvio que há uma demanda reprimida e praticamente não há resistência à vacina no Brasil. Teremos um verão muito forte. Todo mundo quer viajar.” Segundo o  CEO, no quarto trimestre, os números do turismo local devem superar até mesmo os do mesmo período de 2019, ainda sem os efeitos da covid-19. 

Para as viagens internacionais, que em 2019 representavam pouco menos da metade da receita líquida de intermediação, a expectativa é de retomada no meio do ano que vem. “Ainda tem muitas fronteiras fechadas, com muitas companhias aéreas sem rotas para o Brasil. Além disso, o dólar está alto”.

Com a maior procura, Andrade espera custos mais altos, mas vê os efeitos de viagens mais caras como neutro para a companhia. “Avião e hotéis são finitos. Em um ambiente normal seria melhor mais gente apta a comprar o produto. Somos um negócio de alta escalabilidade, com capacidade para mais de 4 milhões de passageiros por trimestre.”

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No segundo trimestre, ainda sofrendo os impactos de restrições para o controle da pandemia, a CVC registrou 1,487 milhão de passageiros embarcados - cerca da metade do registrado no mesmo período de 2019. A receita líquida, de 115,5 milhões de reais, ficou 30% abaixo da registrada no primeiro trimestre do ano. O resultado foi penalizado pelo mercado, com as ações da companhia fechando em queda de 8,56% na segunda-feira, 16.

O balanço foi afetado pelos pedidos de reembolsos acumulados desde o segundo trimestre de 2020. “Tivemos uma segunda onda [de coronavírus] muito forte que coincidiu com o fim do período de um ano que tínhamos para começar a pagar os reembolsos. Sem poder efetivas as compras anteriormente feitas como receita, a CVC ainda teve que arcar com os gastos envolvidos. Esse efeito, diz Andrade, deve ser menor nos próximos trimestres, já que os pedidos feitos desde o ano passado já foram computados. 

No trimestre, porém, a CVC aumentou sua receita em operações na Argentina, onde adquiriu as fatias restantes na Biblos e Avantrip, em abril. Apesar das aquisições recentes, que também inclui a brasileira VHC, Andrade quer focar no aprimoramento das operações já existentes. A principal aposta é a integração de novas tecnologias à operações brasileiras até o fim de 2022.

Para o cliente, a CVC vem desenvolvendo aplicativos com conteúdos turísticos e plataformas de vendas à distância. “Já estamos evoluindo muito no passo inicial, que é conhecer o cliente. Para termos capacidade de influenciar a decisão [de consumo] precisamos saber as preferências, como praia ou campo e companhia aérea preferida”, diz Andrade. “Imagine que a pessoa está em visita a Paris e pesquisa ‘EuroDisney’ na internet. Automaticamente, vamos aparecer com a venda do ingresso e com desconto.”

“Só não seremos 100% digitais porque vamos manter lojas físicas”, afirma Andrade. Mas elas não ficarão de fora das transformações. Mesmo “defasada em tecnologia e com muito papel”, Andrande ainda vê a rede física como uma peça-chave do negócio.

“Metade das pessoas continuam usando a venda física, porque tem o consultor, que monta a viagem, coloca mais produtos e as margens normalmente são melhores. Hoje somos a única empresa com atendimento físico em larga escala”

Com as operações físicas e digitais repaginadas, Andrade espera voltar a olhar para novas aquisições em 2023. Mas a expansão, segundo ele, deve ser focada em outras geografias ou modelos de negócios. “Coisas iguais não vamos analisar até porque temos restrições do CADE, por já sermos líderes absolutos do mercado. Vamos montar um plano estratégico no ano que vem para avaliar possíveis internacionalizações. Agora estamos com foco em melhorar o que já temos.”

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