A taxa de juros em dólar no mercado brasileiro chegou a subir 2,65% nesta quinta (Arquivo/Stock.XCHNG)
Da Redação
Publicado em 6 de janeiro de 2011 às 13h12.
São Paulo - A taxa de juros em dólar no mercado brasileiro, conhecida como cupom cambial, subiu ao maior nível em mais de dois meses após anúncio de medidas do Banco Central para frear a apreciação do real. A autoridade monetária estipulou hoje um compulsório de 60 por cento sobre as posições vendidas em dólar dos bancos.
O contrato de FRA de cupom cambial de março subia 20 pontos-base às 13h09, para 2,65 por cento, maior taxa desde 3 de novembro. Esta taxa era de menos de 1,5 por cento 15 dias atrás. O dólar sobe pelo terceiro dia consecutivo em relação ao real e era cotado a R$ 1,6870, em alta de 0,78 por cento.
“O dinheiro estrangeiro já não chega ao Brasil tão barato”, disse Felipe Brandão, analista para mercados emergentes da ICAP Brasil, quarta maior corretora de câmbio na BM&FBovespa em volume financeiro.
As instituições terão que recolher no BC o equivalente a 60 por cento da soma das posições diárias vendidas, segundo um comunicado distribuído hoje em Brasília. O compulsório será aplicado a posições diárias que ultrapassem US$ 3 bilhões ou o patrimônio de referência das instituições, prevalecendo o menor entre esses dois valores. A exigência vale a partir de 4 de abril.
“A medida tem um indutor de compra de dólares”, disse em Brasília hoje Aldo Mendes, diretor de política monetária do BC. “Pode haver tendência de valorização do dólar.”
O BC avalia que se todas as instituições decidirem não recolher o depósito, as posições vendidas no mercado de câmbio poderiam cair dos US$ 16,8 bilhões no fim do ano passado para US$ 10 bilhões, disse Mendes.
Segundo Brandão, da ICAP, além do impacto das medidas anunciadas hoje, a alta do cupom cambial também reflete a expectativa de o governo tenha um “arsenal de medidas” ainda a serem tomadas.
“Há um componente maior de risco cambial”, disse ele.
Ajuste de posições
A alta dos juros em dólar no Brasil mostra um ajuste dos bancos às medidas do BC, disse Francisco Carvalho, diretor de câmbio da Liquidez DTVM Ltda, corretora com maior volume negociado em contratos de FRA cambial na BM&FBovespa, em entrevista por telefone de São Paulo.
“O pessoal está se ajustando aos poucos. Hoje o volume foi maior do que o normal”, disse Carvalho.