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Da Redação
Publicado em 22 de junho de 2011 às 13h51.
A crise econômica mundial, que começou com o estouro da bolha imobiliária nos Estados Unidos, pode desembocar ironicamente em uma nova bolha. Os sinais de valorização acelerada de vários ativos, como o ouro, imóveis e ações, principalmente nos mercados emergentes, já despertam a preocupação das instituições internacionais. Nesta semana, o Banco Mundial alertou que o súbito investimento de bilhões de dólares no Leste Asiático "aumenta a preocupação sobre uma bolha no preço dos ativos" no mercado de capitais, bem como dos imóveis na China, Hong Kong, Singapura e Vietnã.</p>
Também nesta semana, o Fundo Monetário Internacional (FMI) citou o risco do aparecimento de uma bolha em Hong Kong, pois o preço dos ativos está subindo devido a um fluxo de capitais "divorciado dos fundamentos da oferta e da procura". O valor dos imóveis locais, por exemplo, está disparando. Apartamentos de luxo são vendidos por 55,6 milhões de dólares, e recentemente, um comerciante chegou a pagar mais de 63.000 dólares por um estande de 37 metros quadros para vender petiscos durante a festa do Ano Novo chinês.
Na Austrália, um sintoma da bolha é a valorização de 35% do dólar australiano nos últimos 12 meses. O fortalecimento da moeda local é causado pelos investidores, que tomam dólares americanos emprestados para comprá-la. Os imóveis australianos também devem dobrar de preço nos próximos 12 anos, de acordo com consultores locais.
Domando a bolha
De acordo com o americano The Wall Street Journal (WSJ), a bolha começou a ser gestada quando bancos centrais de todo o mundo baixaram fortemente os juros para reativar a economia, depois da eclosão da recente crise. Os governos também injetaram bilhões de dólares no sistema financeiro para aliviar o sumiço do crédito. O efeito colateral dessas medidas foi detonar uma corrida por outros ativos, como ações e imóveis, cujos preços subiram além do que os fundamentos econômicos atestam como razoável. "Este é o começo de outra grande e excessiva corrida de preços dos ativos", afirma Simon Johnson, ex-economista-chefe do FMI.
O WSJ diz ainda, que os economistas são mais hábeis em detectar os sinais de formação de uma bolha, do que em controlá-la. "Esta é uma das questões em aberto até o fim da crise", afirma Adair Turner, presidente da Autoridade Britânica de Serviços Financeiros.
Por ora, os países tentam conter a bolha com medidas regulatórias. Em Singapura, por exemplo, foram estabelecidas regras mais rígidas para o mercado de hipotecas, e os estímulos públicos ao mercado imobiliário terminaram. Na Coréia do Sul, foram adotados critérios severos para a concessão de financiamento imobiliário em sete distritos ao redor de Seul onde os preços dispararam.
A eficácia das medidas, porém, ainda é duvidosa. "Mesmo os que dizem que devemos combater a bolha diretamente não têm idéia de como fazê-lo", diz Laurence Meyer, ex-diretor do banco central americano, o Fed.
Enquanto isso, cerca de 53 bilhões de dólares está indo para fundos de ações de mercados emergentes, conforme o EPR Global, um instituto de pesquisas. Os recursos catapultam o mercado de capitais desses países, com destaque para o Brasil e a Indonésia. "Isso aumenta o risco de uma bolha no mercado de capitais e de propriedades nesses países", afirma Stephen Cecchetti, economista-chefe do Banco Internacional de Liquidações, o chamado banco central dos bancos centrais.
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