Notas de 100 reais: Credit Suisse Hedging Griffo administra 46 bilhões de reais (19,4 bilhões de dólares) em ativos (USP Imagens)
Da Redação
Publicado em 4 de dezembro de 2013 às 17h22.
São Paulo - A divisão de gestão de recursos do Credit Suisse no Brasil está adicionando títulos do governo local corrigidos pela inflação com prazo de três a cinco anos, após sofrerem correção "exagerada", afirmou nesta quarta-feira o diretor de investimentos do Credit Suisse Hedging Griffo, Luis Stuhlberger.
A queda na demanda por NTN-Bs que levou os yields (rendimentos) para os vencimentos em três e cinco anos a superar 6 por cento atualmente, frente a cerca de 3 por cento no início do ano, está tornando os títulos "interessantes" em termos de retorno, afirmou Stuhlberger em evento em São Paulo.
O Credit Suisse Hedging Griffo, que administra 46 bilhões de reais (19,4 bilhões de dólares) em ativos, ampliou as compras de NTN-Bs recentemente, parcialmente porque a perspectiva para as ações domésticas parece incerta.
Cerca de 9 por cento dos ativos sob gestão da unidade são ações, levemente acima da mínima histórica de 8 por cento mais cedo neste ano mas bem abaixo da fatia de 30 por cento vista nos últimos anos, acrescentou ele.
"Eu passei o ano vendido nas NTN-Bs, mas está começando a ficar interessante, especialmente aquela parte da curva entre 3 e 5 anos, que está oferecendo muito juros", afirmou Stuhlberger, que administra o Fundo Verde, o maior hedge fund brasileiro. "Esse juro está carregando o peso de um pessimismo exagerado." O rendimento do título NTN-B com vencimento em 2018 caiu para 6,21 por cento nesta quarta-feira, ante 6,22 por cento na terça-feira. O yield do NTN-B 2020 recuou 0,03 ponto percentual para 6,45 por cento após as declarações de Stuhlberger, segundo operadores.
As declarações destacam a postura seletiva que Stuhlberger e sua equipe têm adotado ao investir no Brasil. Por ano, o CSHG tem registrado retornos anuais acima de 30 por cento -- superando rivais locais e globais com ampla margem.
O desempenho da unidade neste ano foi "bom considerando as circunstâncias atuais", afirmou ele. Os mercados financeiros no Brasil em 2013 foram pressionados por especulações de redução do estímulo monetário nos Estados Unidos, crescente risco político no Brasil diante da deterioração da política fiscal e mescla de inflação acelerada e baixo crescimento econômico.
Embora ele não tenha oferecido estimativas para a moeda brasileira no próximo ano, Stuhlberger disse que um declínio para cerca de 2,60 reais, ante os atuais 2,37 reais, pode ajudar a aliviar o financiamento do crescente déficit em transações correntes do país. Esse nível não assume a deterioração dos números fiscais do governo, acrescentou.
Ele reiterou sua posição de que investidores devem aplicar seu dinheiro em ações de companhias brasileiras de boa qualidade, que ele definiu em agosto como aquelas cujo valor de mercado está entre duas e três vezes seu valor contábil.